quarta-feira, 30 de abril de 2008

E assim se faz jornalismo... ou qualquer coisa parecida...

Hoje deparo com esta notícia no "Sapo notícias" com o logo, símbolo da marca inegualável da "Lusa" Passo a citar:

"Venezuela: "Apagão" deixa 19 Estados às escuras
29 de Abril de 2008, 23:17

Caracas, 29 Abr (Lusa) - Uma avaria de grandes dimensões numa linha de transmissão deixou, hoje, sem energia eléctrica 18 dos 24 Estados da Venezuela, incluindo a capital, gerando o caos nas principais cidades do país.

O "apagão", que teve lugar pelas 16:15 locais (22:45 em Lisboa) e nalgumas cidades durou pelo menos meia hora, causou o caos no trânsito, nomeadamente em Caracas, onde se registaram alguns acidentes em urbanizações como San Bernardino e La Candelária.

Vários portugueses confirmaram, à Agência Lusa, que o corte de energia eléctrica suscitou dificuldades nas comunicações telefónicas nacionais, incluindo nos telemóveis e interrupções momentâneas na Internet.

"No Centro Comercial Galerias El Ávila, várias pessoas saíram assustadas para a rua, causando confusão", disse uma das fontes.

Segundo o general de brigada do Exército, Gustavo González López, o "apagão afectou ainda o Metropolitano de Caracas, que parou, tendo o sistema de energia alternativo permitido unicamente que as carruagens em funcionamento chegassem ao destino e os passageiros fossem evacuados.

A falha eléctrica aconteceu na chamada "hora de ponta" em que, em Caracas, centenas de milhar de pessoas saem dos seus trabalhos.

A avaria, segundo Hipólito Izquierdo, presidente da Corporação Eléctrica Nacional, teve causas indeterminadas, prevendo-se que a situação esteja normalizada nas próximas quatro horas, mantendo-se o abastecimento intermitente.

A falha afectou o Distrito Capital (Caracas) e os Estados de Miranda, Vargas, Maracay, Zúlia, Lara, Yaracuy, Guárico, Miranda, Carabobo, Bolívar, Anzoátegui, Portuguesa, Barinas, Arágua, Vargas, Falcón e Mérida.

As autoridades estão a apelar aos cidadãos para manterem a calma e absterem-se de sair para a rua se tal for possível.

Na Venezuela, existem várias empresas de electricidade associadas à Electricidade de Caracas, nacionalizada em 2007 pelo presidente Hugo Chávez.

FPG.

Lusa/Fim"



É de facto uma notícia relevante que um país com a dimensão da Venezuela sofra um fenómeno deste tipo. Embora não seja de estranhar que no futuro venham a suceder cada vez mais. Estas coisas acontecem a quem desafia certos poderes estabelecidos. Atentados, golpes de estado, boicotes ou bloqueios, e porque não, sabotagens. Claro que estou meramente a especular. Permito-me fazê-lo pois não sou jornalista. Mas vejamos o que está mal neste quadro.

Os leitores não se enganaram ao ler a hora do acontecimento. 16:15 horas locais com a duração de cerca de meia hora. Imagino eu que, a esta hora deve ter o horizonte ficado escuro como breu ou como um outro fenómeno poderia provocar, um eclipse total. Mas parece que apenas se eclipsou a razoabilidade dos escritos sobre a Venezuela. Ficou então escuro às 16:15 provocando acidentes de automóvel um pouco pelos 18 estados afectados.

E como a Venezuela está hoje no epicentro das notícias, das 16:15, ou seja 22:45 em Portugal continental às 23:17 em que a notícia foi publicada vai uma pequena fracção de tempo, por acaso coincidente com aquele da duração do tal apagão. 30 minutos para se pensar e para se escrever mais uma notícia sobre a Venezuela e ainda por cima nestes moldes.

Depois, notícia das notícias o facto de cidadãos terem saído assustados do centro comercial perante a falta de electricidade. Terá isso a ver com o facto de estar sempre iminente um novo golpe de estado e as pessoas terem a consciência que o seu país se encontra em rota de colisão com o bom gigante... por mim também teria medo mesmo que fosse em Portugal, mesmo que estivesse numa esquadra de polícia.

E o remate final de fino recorte jornalistico é o facto de se ligar todo o texto anterior ao desfecho que significa a culpabilidade máxima do sucedido. Afinal são várias empresas que trabalham em rede para a nacionalizada "Electricidade de Caracas". Este comentárío representa a lógica de comentário político mascarado de tirada inocente, contudo despropositada e desavergonhada. Ou seja, liga a incompetência ao facto de ser uma empresa estatal. O que significa que não existiria um apagão se não houvesse sido operada a nacionalização.

Assim se faz uma espécie de jornalismo...

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quando o democrático se torna anormal

Ontem, na SIC Notícias, e a propósito da actual crise no PSD, um comentador político que por acaso também é jornalista, considerou como anormal o definhamento do PSD em detrimento dos partidos à esquerda do PS. Para o comentador José António Teixeira este crescimento à esquerda´parece ser um sinal de que afinal a democracia tal como foi concebida pode estar a querer deixar de funcionar.

E ele tem razão. A democracia tal como foi concebida e como é aplicada apenas suporta dois partidos de poder, PS e PSD e todos os partidos à esquerda do PS devem ser sempre marginais. Ora, as sondagens dão aproximadamente 18% ao conjunto dos votos no PCP/CDU e do BE. Desde 1979 que a esquerda não tinha tanta força eleitoral e isso compreende-se pela realidade política e social que vivemos. COntudo, para os comentadores que estão habituados ao sistema que ajudam a manter este é um facto anormal e desiquilibrador. Revela um definhamento político de uma direita sem norte e que já provou não ter capacidades governativas. Ou será que não? É que a actual crise no PSD foi também ela criada e mantida pelos próprios jornalistas e comentadores residentes dos media nacionais em concertação com os interesses do governo. E mais estranho ainda é que a classe dos jornalistas é justamente uma das classes mais afectadas por vinculos laborais precários ou a ausência total deles. Afinal, não há almoços de borla e temos todos de fazer pela vida.

"Anormal" é um comentador político residente de um canal televisivo achar anormal o sentido de voto dos eleitores num sistema a que chamam de demecrático. Normal será, para estes senhores termos, à semelhança de outras paragens, dois partidos apenas por onde escolher sendo que entre eles as diferenças não são nenhumas.

Isto até parece mesmo o 24 de Abril...

sábado, 19 de abril de 2008

Menezes e o problema de Casting

Deu-se o inevitável. Cansado de tanta pancada (muita dela justificada) Menezes bate com a porta à liderança do PSD e deixa um espaço em aberto para si mesmo num futuro próximo.

Espero que nestes dias consiga fazer-se rodear de algumas pessoas que possam acrescentar de positivo à amálgama de criaturas insólitas que vêm rodeando o ex-futuro presidente do PSD.

Pessoalmente, e como já escrevi várias vezes, acredito nas teorias de conspiração de Menezes e Santana Lopes, esses descarados que tiveram a ousadia de querer tomar o partido dos barões e baronetas nas mãos das bases. O processo que se tem vindo a dar no PSD estava já a colocar em causa a superioridade intelectual dos lordes instalados no partido desde a morte de Sá Carneiro e dos que foram depois criados e mantidos com o cavaquismo e suas consequências. Menezes é mais que um homem do norte, frontal mas por vezes incoerente. Tentou reciclar a sua imagem e amaciar o seu discurso. Confesso que preferia o Menezes de há uns anos, com a sua linguagem mais politicamente incorrecta roçando mesmo o estilo de Valentim Loureiro ou Alberto João Jardim. Sempre preferi pessoas frontais a alforrecas. Mas continuando, acredito que existiu uma manobra consertada para destruir Santana Lopes e Luis F. Menezes. Eles não representam as elites do PSD apesar de serem a sua ala mais verdadeira, assumidamente liberal e "reformista" (a palavra no PSD é enganadora).

Para mim é indiferente quem lidere o PSD. O partido não mudará o seu rumo e continuará sempre igual a si mesmo sendo, nesta democracia amputada, a alternativa de poder. Um dia, quando se levantar de novo ou quando o governo Sócrates cair de podre.

Para além disso e porque respeito pessoal e politicamente as duas figuras de Santana Lopes e L. F. Menezes, prefiro ver este último de novo nos destinos da C. M. de Gaia de onde nunca deveria ter saído se tivesse querido preservar a sua imagem.

A par com um problema de filha-da-putice interna no partido e de manipulação pelo PS e pelos media, Menezes deu-se com um problema grave de Casting.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Resposta pública ao e-mail do senhor director geral da Direcção Geral de Contribuições e impostos

Demorou alguns dias mas tinha de de responder ao simpático e-mail remetido pelo senhor director, que nunca tive o prazer de conhecer, mas que simpaticamente me enviou um e-mail no passado dia 4 de Abril. É evidente que não me enviou a mim em particular. Eu sei que não tenho direito a essas honrarias e ainda bem. Todos os portugueses registados no site das finanças receberam exactamente o mesmo texto com a ligeira alteração do nome e número de contribuinte.

Também sei que não é para ser respondido, mas não posso resistir à tentação de lhe dizer que esta é uma missiva de mau gosto que nos revela a maior facilidade com que as finanças ajudam a roubar os bens de alguns desafortunados da vida entregando-os assim de bandeja aos abutres profissionais através destes sistemas, para não dizer mesmo esquemas, que vão ajudando a que aumente o fosso entre os ricos e os pobres deste país.

Eu sei, caro Director, que as finanças não existem para que se crie justiça social. Isso seria tarefa dos políticos e das políticas. E sabemos que quando estes falham a todos os níveis quanto mais for sacado ao contribuinte menor será o buraco cavado pelas más práticas dessa mesma política. Mais sabemos que não é objectivo das finanças ir buscar a quem mais tem mas sim onde é mais fácil. A minha resposta é clara e inequívoca. A esses bens penhorados pode o senhor director fazer o que bem entender. Pode inclusivamente continuar a entupir as caixas de correio electrónico com essas mensagens de mau gosto. Para mim passa directamente para a categoria de Spam da mesma forma que a DGCI passou à muito à categoria de instituição parasitária, espinha dorsal pelo financiamento do sistema político podre e corrupto que nos tem vindo a governar desde a fundação da nação.

Sem mais assunto de momento, um futuro contribuinte espanhol.