sábado, 28 de junho de 2008

No país dos que gostam que lhes chamem parvos.

Hoje foi mais um dia glorioso para o comércio em Portugal, e consequentemente para mais uma pequena ajuda nos números da importação. Abriu mais uma loja dos senhores que chamam parvos a todos aqueles que não compram nas suas lojas.

Fez-me lembrar há uns meses quando a cerveja Tagus lançou uma campanha que chocou as almas mais sensíveis da esquerda folclórica com a questão do “Orgulho Hetero” e provocou inúmeras reacções mais ou menos ortodoxas contra esta campanha. A marca chegou mesmo a retirar a campanha numa atitude de cobardia comercial ou então alertada para o facto da comunidade gay ser muito maior do que imaginavam os marketeers contratados pela empresa. Esta campanha foi assim obliterada por uns quantos protestos de saltos altos de barba. Que isto de ser heterosexual e ainda por cima ter orgulho nisso.

E como as memórias são como as conversas e estas como aqueles maravilhosos frutos que são as cerejas lembrei-me também do que ouvi ontem na TSF a propósito dos prejuízos na TAP por causa dos aumentos dos combustíveis. Aparentemente isto nada tem a ver com o asunto. Contudo, o presidente desta companhia afirma que, devido ao facto de existir um contrato por objectivos e destes estarem comprometidos pela presente situação do custo do combustível, havia que negiciar com os sindicatos para ver onde se poderia cortar…

Para que se compreenda a ligação, a abertura de mais uma loja desta cadeia internacional (a terceira em volume de facturação a nível mundial) representa uma tentativa esforçada e muito bem orquestrada para a diminuição da parvoíce no distrito do Porto. É óbvio que estes senhores vieram criar meia dúzia de postos e trabalho importantes para a região mas vieram também “marktelar” os preços e esmagar as margens para terem de pagar o menos possível aos seus funcionários para que, por sua vez os concorrentes se vejam obrigados a baixar as margens ao ponto de terem de pagar eles próprios também menos aos seus funcionários. E num apís onde pouco se produz e tudo se comercializa poucos serão os que escapam de ser funcionários destes senhores ou dos seus concorrentes. Depois os economistas com os seus neurónios tetraplégicos elogiam o mercado e aplaudem a concorrência afirmando que tudo isto é bom para o consumidor. Esquecem-se que esses mesmos funcionários são eles próprios os consumidores e entram no ciclo vicioso. Baixos preços, baixas margens, baixos salários, baixa qualidade de serviço… altos lucros… nenhuma empresa abre lojas sem que tenha um estudo preciso do impacto que estas vão ter na estrutura financeira da empresa. E quando se baixam margens, baixam-se salários e precarizam-se empregos.

O que o presidente da TAP disse vem mesmo seguimento. A empresa perde devido ao aumento dos combustíveis, quem paga são as “regalias” dos seus trabalhadores. É justo. Eu nunca andei de avião nem faço tensões de o fazer muito menos para alimentar estas ideias. Porque não aumentam os preços? Quem anda de avião é porque o pode fazer. Que pague por isso. Para além de tudo é o meio de transporte mais poluidor e mais esbanjador de combustível…

Em nenhuma destas realidades económicas estamos a falar de pão, leite ou arroz. Estamos a falar de, no exemplo da Media Markt, empresas virulentas. Dá vontade de partir para uma campanha do tipo “orgulho Parvo” por não querer pertencer ao grupo dos que em nome de preços absurdamente baixos (quando o dumping é ilegal neste país) transformam este país num país ele próprio absurdamente baixo que gosta que lhe chamem de parvo.

E como diria o presidente da TAP, “Eu é que não sou parvo…”

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ainda bem que temos os carros topo de gama e uma vida de luxo, no terceiro mundo têm... saúde?? (2)

Segundo notícia publicada no site da revista Visão online "Cuba regista vacina contra cancro do pulmão. Uma vacina «terapêutica» que pode aumentar 30 a 40% do tempo de vida dos doentes terminais de cancro do pulmão foi registada pelo Centro de Imunologia Molecular (CIM) cubano"
De acordo com a notícia o produto designa-se por CIMAVAX EGF e é um compsto entre duas proteínas.

A aposta na ciência é um caminho traçado desde há muito tempo pelo sistema cubano que está a alcançar resultados a vários níveis sendo que este é um dos que se apresenta como mais mediático. Sendo ainda mais significativo tratando-se de um país submetido a um bloqueio de décadas. No entanto, na minha opinião, penso não ser o mais importante no momento. Nem sempre o mais mediático é o mais importante. Penso serem mais relevantes as iniciativas levadas a cabo por exemplo na Nicarágua onde médicos cubanos na chamada "Operação Milagre" realizaram mais de 25000 intervenções cirúrgicas de oftalmologia sobretudo nas camadas da população que não têm meios para pagar no sector privado.

É importante ter estas dados em conta quando se fala em direitos humanos pois a saúde é o bem e em consequência o direito mais fundamental ao ser humano.

Os Delírios bipolares…

Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados culpa o sindicalismo nas forças de segurança pelo aumento da criminalidade. Ainda considerei a hipótese de a frase ter sido proferida após a ingestão de bastantes bebidas alcoólicas, contudo, logo de seguida dispara mais uma daquelas verdades certas e sabidas para compor o ramalhete.

Diz então que há muitos políticos a saltar da actividade política para a actividade empresarial num abrir e fechar de olhos sendo que muitas vezes para empresas com as quais mantiveram algum tipo de relação ou dependência durante os mandatos políticos.

Parece-me claro que existem dois bastonários, dois Marinho Pinto. Um que segue a onda do populismo rasteiro de Paulo Portas. E o outro que é o recordista das citações em matéria de justiça pelo Bloco de Esquerda. Fico curioso o que tem o BE a responder à afirmação de culpabilização das práticas sindicais pela criminalidade crescente.

domingo, 8 de junho de 2008

Mais uma golpada fiscal na calha

Uma recente aquisição sob a forma de aplicação informática vem reforçar a senda extorsionária do fisco português contribuindo ainda mais para o empobrecimento das pequenas e médias empresas e cidadãos contribuintes particulares.

Pela segunda vez o fisco ameaça com prisão os contribuintes faltosos numa espécie de atitude de “a bolsa ou a vida” a que temos vindo a ser habituados sobretudo neste período do governo PS/Sócrates.

O fisco acusa contribuintes e empresas de “enriquecimento ilícito” e de “abuso de confiança fiscal”, exactamente os crimes que podem ser imputados ao próprio fisco que tem deliberadamente “enchido os bolsos” à custa de muitos pseudo-processos instaurados sobre quem não tem forma de se defender. É necessário ter em conta que a justiça fiscal é um sistema que funciona à margem da do sistema judicial com plenos poderes para proceder ao saque de verbas e bens a contribuintes faltosos ou não.

Não existe qualquer filtro que permita separar situações que sejam de fraudes cometidas por empresas ou meras suspeições que são de imediato transformadas em “culpa” de uma formaque teria de ser considerada como anti-constitucional. O cidadão não tem qualquer forma de protecção contra o fascismo fiscal.

Esta nova aplicação informática a ser implementada dentro de uma semana é assim, mais um instrumento contra o contribuinte mas agindo em seu nome e do seu pretenso benefício, tal como tem sido no passado.

Na razão inversa do saque o estado demite-se cada vez mais das suas obrigações e do cumprimento do que são as funções básicas, razão para as quais cobra os impostos. Assim sendo, e falhando em todas as frentes, na saúde, na educação, na protecção social, no sistema judicial e no seu acesso, o estado português torna-se um comum ladrão que não merece o respeito dos cidadãos.