segunda-feira, 28 de julho de 2008

O melhor momento do dia...

... o chocolate.

Os anos que passam

Os anos que passam são pedaços de nós, muitas vezes arrancados a ferros de uma existência fria e distante. Pedaços que acrescentam ou que retiram tudo aquilo que nos faz viver. Um pouco de medo, um tanto de esperança, as angústias de ter ou não ter, os tormentos do valor absoluto que temos comparados com o nada que somos. As antíteses que constroem o nosso mundo são deveras poderosas na vida e na morte. Como se pode odiar a humanidade e com maior intensidade amar a mulher, o homem, o ser enfim sujeito dos amores de cada um. Como pode conviver o mais profundo anti-social com o mais utópico socialismo. O ódio da populaça e o fervor revolucionário do povo virtual da imaginação do sonhador. O sonho e o pesadelo amantes numa mesma cama eterna enquanto a vida teima em não se apagar.

Parece uma visão cruel mas é a visão real, tão real quanto a própria crueldade que nos faz optar por um qualquer caminho que entendemos ser o nosso, o único possível até outro aparecer que nos atire para o abismo ou para fora deste.

Hoje é urgente exaltar aqueles que, sendo humanos, insistem na continuidade da vida para além da desumanidade do nosso fundo. Por isso escrevo para todas as pessoas, e tão poucas são, os meus amigos que me dão a pouca humanidade que consigo viver na visão apocalíptica constante que teimo em manter. Aquelas pessoas que me fazem esquecer o que são as pessoas atordoadas a viverem as suas insignificantes vidas como deuses tontos plenos de razão e de poder. Aqueles que insistem em dar vidas à vida são os que ainda me fazem escrever estas palavras de agradecimento por existirem e por terem a coragem de existirem numa humanidade perdida. Aqueles que entregam a esperança a cada palavra e a cada notícia, a cada pedaço de tempo que é dado a partilharem. O mundo apenas faz sentido continuado desta forma por esta gente. Por vós.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

UNIÃO EUROPEIA


Só a globalização da luta pode derrubar a globalização da ofensiva. Esta é uma projecção da bandeira do futuro europeu dos povos, pelos povos e para os povos unidos na riqueza da sua diversidade.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Eis que a hstória se repete...

Não será possível estabelecer uma comparação directa entre Milosevic e Karadzic. No entanto a História acaba por colocá-los do lado perdedor de uma forma pouco inocente. Karadzic é tido como um monstro e acredito que seja efectivamente culpado de algumas das coisas de que o acusam. Mas a guerra é isso mesmo. As atrocidades são apanágio de qualquer guerra mas sobretudo daquelas em que se tem de lutar contra inimigos virtualmente invencíveis.

A Jugoslávia era de entre todos os países ditos socialistas, de longe, o que mais interesse e admiração me despertava. Antes de mais pela forma como enfrentou o imperialismo soviético que se traduziu em episódios históricos lamentáveis como a invasão da Checoslováquia. A Jugoslávia era um país com uma construção política, social e económica muito próprias e assentes numa unidade que morreu com um homem. Infelizmente muitas vezes a História dos povos funde-se com a História das suas personalidades. O marechal Tito foi o símbolo da unidade jugoslava na imensa diversidade de povos, culturas e religiões.


Porque a Sérvia sempre foi o centro de poder na Jugoslávia e principalmente porque Milisevic se opôs ao desmantelamento da sua pátria tudo isto acabou por se tornar num imenso banho de sangue do qual a Europa ocidental e os EUA não estão isentos de culpas. De todos os lados se cometeram crimes hediondos. Dos sérvios certamente mas também dos croatas, dos muçulmanos e cristãos bósnios, dos albaneses do Kosovo e da própria NATO que, mais uma vez optou por uma intervenção onde não poderia intervir e de uma forma sectária e parcial.


O TPI vai agora julgar mais um homem cuja história pessoal se confunde com um pedaço da História do seu povo quando deveria ser julgado na sua terra pelos seus pares.A História tem destas coisas. É difícil compreender porque as mesmas acções têm tão distintas interpretações. Quando a URSS invade o Afgnanistão é uma catástrofe. Quando os EUA invadem o mesmo país e plantam um governo fantoche é uma benção. E a verdade é que não haveriam talibans se não tivvessem sido financiados pelos EUA para a luta contra os soviéticos...


Karadzic não precisa ser julgado. Já está condenado por tudo quanto fez e não fez. A nossa história já está escrita ainda antes de acontecer.

sábado, 19 de julho de 2008

Os aprendizes de feiticeiros


No congresso da Juventude Socialista onde vai ser eleito o novo líder parece que é tempo de esquecermos a crise. Com tantas dificuldades anunciadas por tantas entidades diferentes mais ou menos amigas e cúmplices das vias do poder a Juventude Socialista resolve dar escolher o tema da “igualdade” para o seu combate político de futuro. Quando ouvi esta frase por momentos pensei que o socialismo tivesse regressado às camadas jovens do PS.

Num tempo de crise generalizada seria de prever que os jovens olhassem para a plítica prática com uma visão mais crítica e construtiva. Daí que, na minha ingenuidade e naquela fracção curtíssima de tempo, devo ter feito uma tamanha cara de espanto com a palavra e o tema escolhidos. Penso que a “igualdade” é um tema que daria para um longo texto não podendo ser encarada como algo de linear e simplista. O “igualitarismo” foi um dos pontos mais críticos da aplicação prática do socialismo científico e um dos que levou essa aplicação aos sucessivos fracassos históricos. Tomado esse tema de uma forma progressista a aplicando às sociedades actuais podemos partir do princípio que a todos deve ser dado o mesmo nível de educação, de acordo com as suas capacidades, aptidões e necessidades sociais. Devem ser dadas oportunidades iguais para que sejam (ou não) aproveitadas por cada um dos indivíduos na sociedade. Ao contrário do que pensam muitos socialistas e comunistas penso que as camadas sociais improdutivas e auto-marginalizadas não devem de todo ser alimentadas pelos impostos de quem trabalha e produz. Num sistema liberal estes apoios sociais servem de travão a uma sociedade com um nível de violência mais extremada pela consciência das desigualdades sociais. Acontece que existem desigualdades que são o fruto da vontade (tão legítima quanto o seu contrário) do não trabalho. Numa sociedade democrática de economia capitalista ou socialista as pessoas têm de ter o direito de não produzir contudo mesmo a estas devem ser dadas todas as oportunidades em igual medida quantitativa e qualitativa. Não devem é ser sustentados por aqueles que, com o fruto do seu trabalho produzem para que outros beneficiem.

Mas eis que uma nuvem densa passou pela frente de todo este pensamento que já queria voar para outras paragens mais distantes. Afinal o que os jovens do poder socialista queriam falar era apenas e só de folclore político. Era apenas sobre um tema absurdo e irracional na época em que vivemos por passarmos por dias difíceis e os putos do PS apenas pensam nos genitais. Lembro-me que um grande amigo me costumava dizer que no mundo tudo gira em torno de “mamas”. Quanto mudam os tempos. Para os jovens socialistas, para que não se fiquem na retaguarda do Bloco de Esquerda o tema da igualdade resume-se à necessidade de promover o direito ao casamento de casais homossexuais. Não serve o que está na lei que já permite a igualdade de tratamento a vários níveis entre casais heterossexuais e de outros tipos como ainda têm de promover a igualdade para a instituição religiosa e sacramental do casamento.

Para mim tanto se me dá. Apenas fico apreensivo com o centro do interesse e da acção política das jovens elites do poder socialista. Estes serão os xupistas políticos que nos extorquirão o dinheiro dos impostos para promover as suas acções políticas no futuro mas a boa notícia é que poderão haver casamentos homossexuais.

Tapar os problemas sérios e reais da sociedade com folclore político é já uma lição estudada e entendida pelos aprendizes de feiticeiros do poder socialista. Estão já preparados para a governação do país e para os altos cargos nas empresas públicas que os esperam. Tudo cada vez mais cor-de-rosinha...

sábado, 12 de julho de 2008

IPhone, ou a mega fraude de espectativas

Já era uma realidade desde que a primeira versão deste aparelho, mas para os cépticos que ainda não tinham tido a oportunidade de com ele lidar confirma-se que é uma mega fraude de espectativas.

Apenas me questiono como é possível o marketing conseguir "vender" o IPhone como sendo uma espécie de avanço tecnológico quando, na realidade, não passa de um mono com as características que qualquer telemóvel europeu já tem desde há alguns anos a esta parte.

O valor e o nível de vendas vai provar que somos um país de falsos tesos ou de estúpidos vaidosos.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sumo de fruta, sem fruta

O anti-comunismo está hoje mais presente em Portugal precisamente à esquerda do Partido Comunista. O bloco não se cansa de realçar os aspecto negativos dos países governados por partidos comunistas nomeadamente a China com a janela de oportunidade que os jogos olímpicos criaram. A China é um caso algo complexo e não cabe neste pequeno texto reflectir sobre ele. Cabe essencialmente tentar compreender como o radicalismo de esquerda serve com a maior das oportunidades de muleta ao que mais dizem combater. A ideologia bloquista é como uma gelatina tutti-fruti. Ou uma inocência pueril de quem pensa que o Socialismo pode nascer pela boa vontade e cavalheirismo do capital. Uma espécie de "deixa passar estes pirralhos que querem fazer uma revoluçãozinha daquelas pacíficas, sem sangue, com muito amor hetero-bi-trans, real ou virtual".

O radicalismo de linguagem e a superioridade moral encapotam a ausência de estrutura ideológica e a insensatez de pensarem que alguma vez seria possível no nosso actual sistema político um partido de esquerda ganhar eleições livres sem que isso provocasse um boicote e uma reacção imediatos por parte das classes dominantes. O Bloco de Esquerda só vive e convive no multipartidarismo como esquerda radical até à primeira oportunidade de servir de muleta em soluções de governação. Primeiro será amputado de votos pelo triste conceito do voto útil e depois será fuzilada a sua natureza radical com o delírio do poder.

A esquerda dos muitos "ismos" já vui isto antes muitas vezes e esta procura infantil de uma revolução na evolução social na crise capitalista é um conceito morto a não ser que o radicalismo seja tão falso como um sumo de fruta... sem a fruta.

As FARC, de Saramago a Fidel.

O testemunho natural de um mercenário americano agora libertado e entregue à puta que o pariu da sua grande pátria americana pareceu-me apenas mais um passo na estratégia para transformar as FARC numa força meramente terrorista. As palavras do luso descendente foram justamente essas reforçando a ideia de que as FARC não são uma força revolucionária mas uma bando de crueis terroristas.

Mesmo que o teatro não estivesse já encenado há muito seria de todo natural que alguém que esteve sequestrado durante anos reaja com esta leveza de língua e de pensamento. Mas as palavras mais ou menos estudadas saem em favor de uma necessidade de desacreditar uma guerrilha que se quer desmantelada a todo o custo.

Não posso colocar de lado os testemunhos que li e ouvi de gente que partilhou dias, semanas e em alguns casos meses com elementos desta guerrilha e que contam o que se passa naquele núcleo de rebeldes que escaparam à subserviência ao partido comunista colambiano por não compreenderem como pode o partido não reagir à postura criminosa do governo e das forças para-militares que ao longo das últimas décadas têm eliminado massivamente a esquerda colombiana. O Partido sempre reagiu politicamente e participa (desembrado pelo constante assassinato de militantes e eleitos) na vida política fantasiosamente normal da Colombia. As FARC são o produto violento da violência oficial de estado apoiado no narco-tráfico com a benção e os dólares do amigo americano do norte.

Há algum tempo José Saramago disse sobre as FARC que se tratava de um bando de criminosos e não de um grupo de guerrilheiros. O meu profundo respeito por Saramago levou-me a pensar que a verdade estaria algures a meio entre as palavras de Saramago e os textos produzidos com alguma raiva e muito desapontamento por muitos comunistas portugueses em defesa das FARC. Reli então alguns textos sobre a Colombia, o seu processo político e a sua história e lembrei-me de alguns textos publicados então no "Avante!" por Miguel Urbano Rodrigues. A ideia foi reforçada por todas estas palavras. Saramago disse o que pensava e disse-o de uma forma clara como comunista que sempre foi. Um comunista que sempre pensou livremente à margem de todos os "ismos" que feriram de morte o legado ideológico de Marx, Engels e Lenin.

Nada há de comum entre a análise de Saramago e a do mercenário americano. As mesmas palavras têm aqui sabores radicalmente diferentes.

Tenho uma certa relutancia em considerar as FARC como terroristas dado o contexto no qual nasceram e cresceram num país profundamente ferido. Daí que as palavras de Fidel tenham sido de tal forma esclarecedoras que me levaram a compreender qual o meio termo onde devemos encaixar a tal verdade sempre procurada. Fidel, posicionou as FARC no papel necessário de força revolucionária e de guerilha, mas criticou (no seguimento do imenso esforço levado a cabo pela Venezuela, Equador e França), a forma de acção deste grupo apelando a que todos os reféns sejam libertados. Os sequestros foram uma arma que apenas surtiu efeito contra a própria guerrilha e trouxe inimigos à sua causa dentro e fora do campo ideológico, mas sobretudo prestou um péssimo serviço à causa socialista em qualquer ponto do mundo. Mas Fidel alerta para o facto de que não devem as FARC depor as armas. Entendo (por pura liberdade imaginativa) que Fidel esteja a puxar as orelhas a uma forma de agir que não se enquadra na visão revolucionária vista pelos olhos de um velho combatente entrincheirado e bloqueado mas livre de pensar e com uma revolução em grande medida vitoriosa.

Entre Fidel, Saramago e Miguel Urbano Rodrigues, três comunistas diferentes que igualmente admiro, escolho as palavras dos três como verdade não deixando de ter uma ponta de desejo de ver continuar uma luta, certamente com outros contornos e necessariamente com a libertação de todos os reféns, das FARC em território de uma América que parece querer acordar do pesadelo do imperialismo do vizinho do norte. Vizinho que já colocou forças armadas marítimas ao largo das costas do hemisfério sul... e que falta faz o Che.

terça-feira, 8 de julho de 2008

O desperdício e a cultura do baixo valor do trabalho

Enquanto observava atentamente uma actividade levada a cabo e patrocinada por um operador de telecomunicações nacional junto de um dos seus agentes/revendedores pensava no valor absurdo desperdiçado naquela iniciativa em concreto, mas também de um modo geral em todos os eventos do mesmo género que se vão inventando para que, no final, o objectivo seja totalmente colocado à margem.

Penso que o objectivo central de qualquer empresa quer seja pública (desde que não em sectores estratégicos da economia) ou privada é a obtenção de um valor acrescido a todos os seus custos por forma a que possa reinvestir e distribuir. Como vivemos numa economia de mercado a mais-valia é o objectivo último da empresa para a qual tem de haver um motivo e fundamentalmente um espaço no mercado.

Para utilizar o exemplo que observei, o de um operador de telecomunicações moveis, parece-me claro e óbvio que juntar vendedores para não introduzir qualquer tipo de informação que represente novidade e para actividades lúdicas torna-se numa banalização da cultura do desperdício.

A minha perspectiva de gestão de recursos humanos numa empresa impediria que este tipo de iniciativas ocorressem em dias e horários de trabalho pois nada acrescentam ao conhecimento e à eficácia, mas principalmente à competência do profissional a realizar um serviço ou vender um produto. E os pretextos da coesão das equipas tornam-se absurdos porquanto esta tem de ser feita em ambiente de trabalho. Um indivíduo pode desenvolver um incrível espírito de equipa em actividades lúdicas e ser incapaz de trabalhar em equipa em ambiente de trabalho. O conhecimento que possa ou não haver entre as pessoas que realizam as mesmas funções ou que estão hierarquicamente acima ou abaixo não tem qualquer influência na qualidade do trabalho produzido embora reconheça que pode agilizar processos em casos de resolução de situações problemáticas envolvendo várias pessoas de vários níveis de responsabilidade.

Em conclusão, estes tipos de actividade que as empresas realizam para dar a ideia ilusória de que se preocupam com quem lida directamente com os seus produtos, são meros exercícios de desperdício que só cabem na loucura e no delírio de algumas teorias de gestão. Da gestão base da empresa e do seu sumo que é a gestão das pessoas. E temos de entender que as empresas são as pessoas. É evidente que as pessoas, infelizmente, compreendem aqui um esforço que, na realidade, não existe.

Estas verbas poderiam e deveriam ser utilizadas para esquemas de incentivos à produtividade aumentando o rendimento de quem lida com os produtos ou serviços em causa. Mas também outra coisa muito importante, poderiam e deveriam ser utilizados na melhoria qualitativa ou de preço do produto ou serviço ao cliente final.