domingo, 28 de junho de 2009

Sobre as Honduras

Por concordar na íntegra com o texto transcrevo aqui um comunicado cuja origem desconheço mas que já vi em outros blogs. Por dizer tudo prescindo das minhas próprias palavras.

"Este blogue condena o golpe de Estado nas Honduras e solidariza-se com o povo hondurenho e com o legitimo presidente Manuel Zelaya. Nesta madrugada, um grupo de militares golpistas invadiu a Casa Presidencial e sequestraram o presidente daquele país. A ministra hondurenha dos Negócios Estrangeiros e os embaixadores de Cuba, da Venezuela e da Nicarágua foram sequestrados à margem da convenção internacional que protege e dá imunidade aos diplomatas. Os militares ocuparam as ruas e avenidas das Honduras. Ocuparam os meios de comunicação social e cortaram a distribuição de electricidade.

Esta foi a resposta da oligarquia à vontade do governo de convocar uma consulta popular para abrir uma Assembleia Constituinte que tomasse o povo hondurenho como protagonista da sua própria história. Manuel Zelaya pagou o preço de ter decidido seguir o caminho de uma verdadeira democracia. O golpe de Estado é tão ilegítimo que a Organização dos Estados Americanos e a União Europeia já condenaram aquela acção. Manuel Zelaya foi eleito pelo povo hondurenho em 2005 e o seu mandato termina no próximo ano.

Todos recordamos o golpe de Estado contra Salvador Allende e o povo chileno. Os militares liderados por Pinochet e pela CIA afogaram o Chile em sangue. Todos recordamos o golpe de Estado executado pela oligarquia venezuelana com o apoio do imperialismo contra Hugo Chávez e o processo bolivariano. Foi derrotado pela acção do povo venezuelano. E esse exemplo ecoou por todos os países da América Latina que nestes últimos dez anos decidiram seguir esse exemplo.

Portanto:

1. Exigimos o respeito pelo mandato do presidente Manuel Zelaya
2. Respeito pela vida e liberdade do governo, de todos os seus apoiantes e dos diplomatas
3. Respeito pela decisão de abrir um processo de consulta popular para constituir um referendo para constituir uma Assembleia Constituinte
4. Um apelo a que os militares estejam do lado do povo, do governo por ele eleito e não do lado da oligarquia e do imperialismo
5. Um apelo à unidade latino-americana em torno de processos democráticas que tenham os povos no centro do poder
6. Que o governo português condene de forma clara o golpe de Estado
7. Que a comunicação social portuguesa apresente as informações sobre os acontecimentos nas Honduras de uma forma objectiva"

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Porcupine Tree em Portugal







Estão previstos concertos da banda para Novembro de 2009 em Almada na Incrível Almadense, dia 20 de Novembro e no Porto, no Teatro Sá da Bandeira no dia 21 do mesmo mês do corrente ano.

E como andam os campeões da precariedade?

Muito bem, como se pode ver por aqui. As empresas de distribuição estão com lucros record e os seus produtos de marca própria destacam-se no aumento dos lucros.

COmo prémio dos bons resultados continuam a ser os campeões da precariedade...

IKEA - Fórmula de sucesso, lucrar e despedir

COmo pode constatar aqui, com o álibi da crise, e num ano em que o grupo empresarial atinge lucros record, anuncia o despedimento de 5.000 pessoas (perdão, supressão de postos de trabalho).

Ao que parece Portugal vai escapar a esta primeira ronda do carro vassoura do grupo IKEA. por cá a carne humana continua a ser barata.

Leonard Cohen em Lisboa





Não sei porquê mas simpatizo com esta sonoridade. Concerto em Lisboa no dia 30 de Julho às 21 horas no Pavilhão Atlântico.

Pague 1, leve 2 - Eleições Low Cost

Os saldos chegam às eleições. O presidente da República pondera e realização simultânea das eleições legislativas e autárquicas. Os meios de comunicação social dizem que é bom pois poupam uns trocos nas coberturas. E está certo. Penso que teria sido interessante terem juntado os três actos eleitorais (refiro-me às Europeias que já foram, caso alguém ainda se lembre). Uma vez que já não vamos a tempo poderíamos juntar estas legislativas de 2009, com as autárquicas de 2009 e como já sabemos que, independentemente do resultado as políticas seguirão as mesmas, podemos também juntar as legislativas de 2013 e autárquicas de 2013. Um pacote económico e a certeza de oito anos daquilo a que chamam estabilidade governativa. PS e PSD juntos terão sempre mais de 75% dos votos por isso é apenas uma questão de distribuição de cadeiras.

Para um pacote mais económico poderiam adicionar dois referendos, um já previsto (embora não anunciado) sobre os casamentos homossexuais e outro na calha sobre as uniões entre pessoas e animais domésticos independentemente do sexo. Tudo para umas boas eleições Low-Cost.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Imagine...

Imagine que vive num país que foi invadido. Que lhe negaram durante décadas o direito a considerar sequer a hipótese de ter uma independência ou auto-determinação. O seu país deixou de poder existir porque o território foi ocupado, descontinuado e mutilado. As vias de comunicação entre as diversas partes do território foram cortadas. O leitor faz parte dos milhares de resistentes que vivem entalados entre muros que negam a sua própria sobrevivência, que sofreram massacres e perseguições ao longo destas décadas e que criaram uma imensidão de refugiados espalhados um pouco por todos os países das redondezas.

O direito internacional garante que o seu direito é igual ao de todos os outros povos que lutam por ter o seu próprio país em condições normais de estabilidade territorial e em plena soberania.

Após décadas de vergonhosa ocupação a força ocupante promete-lhe que o deixa ter acesso ao seu direito caso opte por uma soberania mutilada, sem direito a defesa e a controlo de espaço aéreo. No SEU país. No seu território. Imagine que o ocupante é uma das maiores potências militares do mundo e a quarta potência nuclear mundial.

Pode parar de imaginar pois a inimaginável proposta de acordo de Israel para a solução da questão palestiniana foi vomitada a toque de caixa do patrão de Washington. Seria uma anedota engraçada se não fosse uma História desumana.

domingo, 14 de junho de 2009

... e a vitória de Ahmadinejad!

Não nutro simpatia especial pelo Irão, muito menos pelo seu poder instituido. COntudo também nesta questão do nuclear há que ter em consideração que o Irão tem iguais direitos na investigação e uso desta tecnología.

Quando todos diziam que venceria o candidato ocidentalizado e moderado, a vitória foi para o actual presidente Mahmud Ahmadinejad. E sempre que estas coisas sucedem são logo lançadas suspeitas de fraude eleitoral.

Dessas coisas nada sei. Apenas que existe uma resistência heroica de uma esquerda mutilada neste país que deve ser observada. Sei que onde se mistura a religião com a política nunca podem daí advir coisas boas (vejamos o exemplo americano e o seu fundamentalismo cristão). A vitória não será boa para ninguém a começar no povo iraniano que nele terá votado por volta dos sessenta por cento. Contudo, há um factor positivo a ter em conta, a derrota vincada dos interesses americanos e israelitas no Irão.

A abjecta traição da China

No que diz respeito à vergonhosa resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra a R.P.D. da Coreia, a R.P. da China adoptou uma postura de traição e de comunhão de valores intoleráveis com os restantes membros desse organismo, quer os permanentes quer os não permanentes.

A Coreia nunca promoveu qualquer tipo de agressão externa ao contrário de TODOS os países que aprovaram esta resolução pelo que não existem, de facto, argumentos para que este país não possa desenvolver uma programa nuclear para sua defesa à semelhança dos que têm estes países que se atrevem agora a julgar a RPD da Coreia.

A China, país onde milhares de coreanos revolucionários perderam a vida na guerra contra a ocupação japonesa, atribui agora aos seus velhos aliados um papel de monstros que apenas é compreensível se olharmos para a China como grande potência mundial dependente do consumo do ocidente. Grande potencia que se baseia hoje numa forma própria de autoritarismo neoliberal paradoxalmente liderada por um partido designado por Comunista" mas de onde os princípios básicos de uma ideário socialista foram eliminados.

A quem mete medo o nacionalismo JUCHE da RPD da Coreia? Claro que o grande império nunca poderá admitir que um país fora da sua esfera de influencia e que sempre foi humilhado na sua história pelos grandes impérios (Japão e EUA) possa ser uma potencia nuclear. Chegam a considerá-los loucos. No entanto o Paquistão é uma potência nuclear, assim como a Índia e Israel. O Paquistão, imaginem o quão estável está um arsenal nuclear num ninho de ratos como o Paquistão! Mas à RPD da Coreia são negados todos os direitos a uma defesa equitativa, que responda na mesma força da ofensiva. A quem interessa que não exista uma guerra fria equilibradora de potências?

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Algumas considerações sobre o resultado das eleições

A derrota das sondagens foi por demais evidente a ponto de reforçar a ideia que sempre tive que deveria ser proibida a revelação de qualquer sondagem política num período de seis meses antes de um processo eleitoral. No seu formato actual, as sondagens servem, não de estudo sobre intenções de voto mas de pressão sobre os eleitores em direcção ao denominado voto útil e da consequente bipolarização.

Em relação aos vencedores e aos derrotados é necessário ter em conta que estas foram eleições para o parlamento europeu, assim, devemos considerar a eleição de cinco deputados para o grupo parlamentar das Esquerdas Unitárias e Verdes Nórdicos como o factor mais importante destas eleições.

Existiu claramente um voto de protesto, ou melhor dois tipos de votos de protesto. O voto de protesto situacionista que se traduziu numa transferência de votos para o PSD mas que pertencem a um eleitorado preparado para votar PS nas legislativas. E o voto de protesto para a mudança de formatação do próprio sistema político, social e económico que se traduziu no espantoso aumento de votação do Bloco de Esquerda e do aumento (embora curto) da influência da CDU levando a que, juntos, os dois partidos somassem mais de 21% dos votos expressos.

O voto branco surgiu aqui como arma importante contra o sistema político tal como se nos apresenta. Nos últimos tempos a grande maioria dos agentes políticos pouco ou nada têm contribuído para a dignificação da classe. Claro está que os partidos do monobloco bipartidário do centro político tiram grande proveito deste descontentamento não direccionado de uma parte significativa da população. Estes votos não caem à esquerda ou à direita do centrão político nacional.