sábado, 19 de fevereiro de 2011

Memórias.

Tropecei algures nesta bela colecção de memórias de alguém certamente, não as minhas por impossibilidade técnica de não existência, mas que se traduziu ainda assim em alguns momentos emblemáticos. Nunca compreendi muito bem se isto se encaixava no que aprendi a gostar como universo musical mas sempre me soou muito bem. por isso mesmo aqui fica o resultado do tropeção que não resultou de todo em queda...



quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Repressão...

As diferenças óbvias dos tipos de repressão:

Em Cuba, manifestação das damas de Branco



Em Espanha, ou melhor dizendo no País Basco governado por Espanha



Retirado daqui


Podemos então depreender que um regime considerado uma ditadura há 50 anos conta com o seu próprio povo para reprimir com... palavras. Onde estão os exércitos, as tropas de choque e as bastonadas? Ficam para quem as conseguir inventar.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Estratégias de manipulação mediática

Numa interpretação muito recente, o académico americano Noam Chomsky retrata aquelas que considera como “estratégias de manipulação mediática” na comunicação política:

- Estratégia da distracção - consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distracções e de informações insignificantes.

- Criar problemas e oferecer soluções - Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reacção no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceites, v.g. deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise económica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.

- Estratégia da Gradualidade – Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceite basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconómicas radicalmente novas foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990.

- Estratégia do diferimento - É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente.
Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

- Estratégia da menoridade - A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adoptar um tom infantilizante.

- Estratégia do emocional sobre a reflexão - Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos.

- Estratégia da manutenção da ignorância e mediocridade - Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível”

- Estratégia da complacência - Levar o público a crer que é moda o facto de ser estúpido, vulgar e inculto.

- Estratégia do reforço da auto culpabilidade - Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas pela sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de se rebelar contra o sistema económico, o indivíduo auto desvaloriza-se e culpa-se, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua acção.

- Estratégia de conhecimento do indivíduo superior ao auto-conhecimento -
No decurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano tanto no aspecto físico como no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo.


CHOMSKY, Noam. in http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=8ce8b102d40392a688f8c04b3cd6cae0&cod=6647 adaptado cit in MOUTA, P., RIBEIRO, M., FERREIRA F., "Comunicação Política", ISLA Gaia, 2011

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Zeitgeist

Já que o tema veio à baila e consegui ver a totalidade desta interessante análise de como funciona a nossa sociedade, deixo aqui com alguma esperança de que outros também se interessem pelo conteúdo. No entanto alerto que analisar é relativamente simples, como diria alguém, difícil é transformar!!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Reflexões de Fidel - A questão do Egipto

Publico na íntegra o texto de Fidel Castro sobre a questão do Egipto, traduzido para português. Uma análise interessante.


"A Sorte de Mubarak esta traçada"


"A sorte de Mubarak esta traçada e já nem o apoio dos Estados Unidos poderá salvar o seu governo. No Egipto vive um povo inteligente que deixou a sua pegada na civilização humana. "Do alto destas pirâmides 40 séculos nos contemplam", contam que exclamou Bonaparte num momento de exaltação quando a revolução dos enciclopedistas o levou a essa extraordinária encruzilhada de civilizações.
No final da segunda Guerra Mundial, o Egipto estava sob a brilhante governação de Abdel Nasser, que em conjunto com Jawaharlal Nehru (herdeiro de Mahatma Ghandi), Kwame Nkrumah, Ahmed Sékou, líderes africanos, que com Sukarno, presidente da então recém libertada Indonésia, criaram o Movimento dos Países Não Alinhados e impulsionaram a luta pela independência das antigas colónias. Os povos do Sudeste Asiático, do Médio Oriente e de África, como Egipto, Argélia, Síria, Líbano, Palestina, Sahara Ocidental, Congo, Angola e Moçambique, entre outros, envolvidos na luta contra o colonialismo francês, inglês, belga e português, com o apoio dos Estados Unidos, lutavam pela independência apoiados pela União Soviética e da China.
A esse movimento em marcha, se juntou Cuba, após o triunfo da nossa Revolução.
Em 1956, a Grã-Bretanha, França e Israel, atacaram de surpresa o Egipto, que tinha nacionalizado o Canal do Suez. A corajosa e solidária acção da União Soviética, que inclusivamente ameaçou com a utilização do seu estratégico Rocket , paralisou os agressores.
A morte de Adel Nasser em 28 de Setembro de 1970, significou um golpe irreparável para o Egipto.
Os Estados Unidos não pararam de conspirar contra o mundo árabe, que concentra as maiores reservas petroliferas do planeta.
Não é necessário argumentar muito, basta ler as notícias do que inevitavelmente está a acontecer.

Vejamos as notícias:

28 de Janeiro

"(DPA) Mais de 100000 egípcios saíram hoje à rua para protestar contra o governo do presidente Hosnik Mubarak, apesar da proibição de manifestações, emitida pelas autoridades"

"Os manifestantes incendiaram sedes do Partido Democrático Nacional (PDN) de Mubarak e postos de vigilância policial, enquanto no centro do Cairo atiraram pedras à policia quando esta tentou dispersá-los com gás lacrimogéneo e balas de borracha"

"O Presidente norteamericano, Barak Obama, reuniu-se hoje com uma comissão de especialistas para se aconselhar sobre a situação, ao mesmo tempo que o porta-voz da Casa Branca, Robert Gobbs, avisou que os Estados Unidos reavaliaria as multimilionárias ajudas que concede ao Egipto, de acordo com a evolução dos acontecimentos.

"As Nações Unidas também emitiram uma forte messagem a partir de Davos, onde se encontrava o seu secretário geral Ban Ki-moon"

"(Reuters) - Presidente Mubarak ordena o recolher obrigatório no Egipto e a implantação do exército protegido por veículos blindados no Cairo e em outras cidades. Há relatos de violentos confrontos entre manifestantes e a polícia.

"Forças egípcias, protegidas por veículos blindados, implantaram-se sexta-feira no Cairo e em outras grandes cidades do país para acabar com os enormes protestos populares que exigem a demissão do presidente Hosni Mubarak.

"Fontes médicas assinalaram que até ao momento 410 pessoas ficaram feridas nos protestos, enquanto a televisão estatal anunciou o recolher obrigatório para todas as cidades"

"os acontecimentos representam um dilema para os Estados Unidos, que expressaram o seu desejo de que a democracia se estenda por toda a região. Contudo, Mubarak foi um aliado próximo a Washington por vários anos e o destinatário de muita ajuda militar"

"(DPA)" milhares de jordanos manifestaram-se hoje depois das orações de sexta-feira em todo o país, pedindo a demissão do primeiro ministro , Samir Rifai, e reformas politicas e económicas"

No meio do desastre politico que estava atingindo o mundo árabe, lideres reunidos na Suiça meditaram sobre as causas que davam lugar ao fenómeno, que inclusivamente classificaram como suicídio colectivo.

"(EFE) - Diversos lideres políticos pedem no Foro Económico de Davos uma mudança no modelo de crescimento"

"O actual modelo de crescimento económico, baseado no consumo e sem ter em consideração as consequências do meio ambiente, já não se pode manter por mais tempo pois põe em causa a sobrevivência do planeta, advertiram hoje vários lideres políticos em Davos"

"O modelo actual é um suicídio colectivo. Necessitamos de uma revolução no pensamento e na acção", advertiu Ban. "Os recursos naturais são cada vez mais escassos" acrescentou num debate acerca de como redefinir um crescimento sustentável no âmbito do Foro Económico Mundial."

" A mudança climática mostra-nos que o o modelo antigo está mais do que obsoleto", insistiu o responsável da ONU.

" O secretário geral acrescentou que, para além dos recursos básicos para a sobrevivência como a água e os alimentos, "se estão esgotando outro recurso, que é o tempo para fazer frente à mudança climática".

29 de Janeiro


"Washington (AP) - O Presidente Barack Obama tentou o impossível perante a crise egípcia: cativar a população furiosa com um regime autoritário de três décadas e, ao mesmo tempo, assegurar a um aliado chave que os Estados Unidos o apoiam.

"O discurso de 4 minutos do presidente, na noite de sexta-feira, representou uma cautelosa intenção de manter um equilíbrio difícil: Obama só poderia sair perdendo se o defendia entre os manifestantes que exigem a saída do presidente Hosni Mubarak e o regime que se apega com violência à sua posição de poder."

"Obama não pediu uma mudança de regime. Nem sequer disse que o anúncio de Mubarak foi suficiente"

"Obama fez as declarações mais fortes do dia em Washington, mas não se afastou do guião usado pela sua Secretária de Estado Hillary Clinton e o porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs"

"(NTX) - O diário The Washington Post pediu hoje ao governo de Obama para usar a sua influência politica e económica para que o presidente Mubarak abandone o poder no Egipto"

"Os Estados Unidos deveriam usar toda a sua influência, incluindo os mais de mil milhões de dólares em ajuda que fornece todos os anos ao exercito egípcio, para assegurar o último resultado (a atribuição de poder por parte de Mubarak), indicou o diário no seu editorial"

"Obama na sua mensagem proferida na noite de sexta-feira, disse que continuaria trabalhando com o presidente Mubarak e lamentou não terem sido referido quaisquer eleições"

"O diário qualificou de não realistas as posições de Obama e as do vice-presidente, Joe Biden, que declarou a uma rádio que não chamaria ditador ao presidente egípcio e que achava que este não deveria renunciar"

"(AFP) - Organizações árabes dos estados unidos exortam o governo do Presidente Barak Obama a que deixe de apoiar a ditadura de Mubarak no Egipto"´

"(ANSA) -Os Estados Unidos mostraram-se novamente "preocupados" com a violência no Egipto e advertiram o governo de Mubarak que não pode agir como se nada tivesse ocorrido. Fox News disse que a Obama lhe restam duas más escolhas acerca do Egipto.

"Advertiu o governo do Cairo que não pode voltar a "baralhar as cartas" e actuar como se nada tivesse acontecido no país."

"A Casa Branca e o Departamento de Estado estão seguindo muito de perto a situação no Egipto, um dos principais aliados de Washington no mundo, e destinatário de uns 1.500 milhões de dólares anuais em ajudas civis e militares"

"Os meios de informação dos Estados Unidos estão a dar uma enorme cobertura aos distúrbios no Egipto, e vêm assinalando que a situação pode resultar, seja qual for o modo que se resolva, numa dor de cabeça para Washington"

"Apostamos no cavalo errado durante 50 anos", disse à Fox um ex agente da CIA, Michael Scheuer. "Pensar que o povo egípcio se vai esquecer que nós apoiamos ditadores durante meio século é uma ilusão", completou

"(AFP) - A Comunidade internacional multiplicou os seus avisos para que o presidente egípcio Hosni Mubarak empreenda reformas políticas e cesse a repressão das manifestações contra o seu governo, que este sábado prosseguem pelo quinto dia."

"Nicolas Sarkozi, Angela Merkel e David Cameron pediram ao presidente para "iniciar um processo de mudança" perante as "reivindicações legitimas" do seu povo e para "evitar a todo o custo o uso da violência contra os civis", no sábado numa declaração conjunta"

"Também o Irão pediu às autoridades egípcias para atenderem às reivindicações de rua "

"O rei Abdalá da Arábia Saudita considerou que as mudanças que os que protestam exigem, representam "ataques contra a segurança e estabilidade" do Egipto, levadas a cabo por "infiltrados" em nome da "liberdade de expressão"

" O monarca r«teklefonou a Mubarak para lhe expressar a sua solidariedade, informou a agência oficial saudita SPA"

31 de Janeiro :

"(EFE) Netanyahu teme que o caos no Egipto propicie o acesso dos islamitas ao poder"

"O primeiro-ministro de israelita, expressou hoje o seu receio de que a situação no Egipto permita o acesso dos islamitas ao poder, inquietação que disse partilhar com os dirigentes com quem contactou nos últimos dias.

"O primeiro-ministro recusou-se a comentar as noticias divulgadas pelos meios de comunicação locais que acusam Israel de ter autorizado hoje o Egipto a implantar as suas tropas na Península de Sinai pela primeira vez em três décadas, o que se considera uma violação ao acordo de paz de 1979 entre os dois países.

"Por outro lado e perante as criticas às potências ocidentais como Estados Unidos ou Alemanha que mantiveram laços estreitos com regimes totalitários árabes, a chanceler alemã afirmou "Não abandonamos o Egipto"

"O processo de paz entre israelitas e palestinianos encontra-se parado desde o passado mês de Setembro, principalmente pela recusa israelita em parar a construção no território palestiniano ocupado."

"Jerusalém (EFE) - Israel inclina-se pela manutenção no poder do presidente egípcio, Hisni Mubarak, a quem o chefe de estado israelita, Simon Peres, defendeu hoje ao dizer que "uma oligarquia fanática religiosa não é melhor que a falta de democracia"

"As declarações do chefe de Estado coincidem com a difusão pelos meios de comunicação local de pressões por parte de Israel feitas aos seus parceiros ocidentais para que baixem o tom das suas críticas ao regime de Mubarak, que o povo egípcio e a oposição tentam derrubar."

"Fontes oficiais não identificadas citadas pelo jornal "Haaretz" informaram que o Ministério dos Assuntos Exteriores enviou no sábado um comunicado às suas embaixadas nos Estados Unidos, Canadá, China, Rússia e em vários outros países para pedir aos embaixadores que enfatizem junto das autoridades locais respectivas, a importância que para Israel tem a estabilidade com o Egipto"

"Os analistas israelitas assinalam que a queda de Mubarak poderia por em perigo os Acordos de Camp David que o Egipto assinou com Israel em 1978 e posterior subscrição do Tratado de Paz bilateral em 1979, especialmente se tivesse como consequência a subida ao poder dos islamitas Irmãos Muçulmanos, que gozam de grande apoio popular"

"Israel vê Mubarak como o garante da paz na sua fronteira sul, para além de um apoio chave para manter o bloqueio à faixa de Gaza e isolar o movimento islamita palestiniano Hamas"

"Um dos maiores receios de Israel é que as revoltas egípcias, na sequência das tunisinas, alcancem também a Jordânia,debilitando o regime do rei Abdalá II, cujo país a par do Egipto, são os únicos árabes que reconhecem Israel"

" A recente nomeação do general Omar Suleim como vice-presidente egípcio e, portanto, possível sucessor presidencial, foi bem recebida em Israel, que manteve com o general relações próximas de cooperação em matéria de Defesa"

"Mas o rumo que seguem os protestos egípcios não permite dar por garantido que a continuidade do regime esteja assegurada, nem sequer que Israel possa continuar, no futuro, a ter no Cairo o seu principal aliado na região"

"Como se pode observar, o mundo enfrenta simultâneamente e pela primeira vez, três problemas:

Crise climática, crise alimentar e crise politica.
A elas pode-se acrescentar outros graves perigos.
os riscos da guerra são cada vez mais destrutivos e estão muito presentes.
Disporão os lideres políticos de suficiente serenidade e imparcialidade para lhes fazer frente?

Disto dependerá o destino da nossa espécie."

Fidel Castro Ruz, 1 de Fevereiro de 2011 in http://www.cubadebate.cu/reflexiones-fidel/2011/02/01/la-suerte-de-mubarak-esta-echada/ (traduzido)

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Da Grécia...

Muito recentemente dados a conhecer em boa hora. Um som fantástico que me lembra outros sons mais a norte da Europa.

Transistor - living

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tunisia - Questão a elucidar

"O povo levantou-se contra o colonialismo e a negação dos seus mais elementares direitos …

Mas note: pode haver mais de uma leitura.


Repentina, a notícia atraiu a atenção mundial: o ex-general Zine el-Abidine ben Alí, que há 23 anos governava a Tunísia – no coração do Magrebe, norte de África – fugiu com a sua família para a Arábia Saudita, abalado por uma revolta popular massiva e dirigida, entre outros flagelos, contra o desemprego, a miséria e a corrupção reinantes.

Enquanto que entre os analistas internacionais, há consenso de que os ajustes neoliberais promovidos pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo B M (Banco Mundial) nesse país africano agravou a sua situação, relatórios destes organismos dizem o contrário, como seria de esperar.

Vejamos, por exemplo, alguns fragmentos do documento intitulado “Tunísia desenvolve economia e cria emprego” , difundido recentemente pelo BM:

“A Tunísia melhorou a sua competitividade e duplicou as exportações nos decorrer dos últimos 10 anos… acelerou o crescimento económico com a ajuda de uma série de empréstimos para políticas de desenvolvimento do Banco Internacional de Reconstrução e Fomento … deverá continuar a promover o investimento privado e aumentar a produtividade, para crescer entre 6 e 7% e reduzir o desemprego. .. O Banco está comprometido com o novo modelo de crescimento do Governo e dará o seu apoio através de trabalho analítico, assistência técnica e empréstimos a politicas de desenvolvimento para os próximos anos”.

Isto é como dizer: “A Tunísia é nossa “. E não do povo, mas sim da sua oligarquia, porque a nação Magrebe esta colonizada pelas potências imperialistas, em particular pela União Europeia. Só a França tem ali instaladas 200 mil empresas, às que se ligam empresas britânicas, belgas e espanholas.

Agora, revendo atentamente, para não passar por incauta, encontra-se esta rebelião popular a ser apoiada pelos estados Unidos (?!) …. Alemanha (?!) … França (?!) Et Voilà! Já temos outra possível leitura dos acontecimentos.

O presidente Barack Obama fez um apelo a favor de eleições “livres e justas” na Tunísia e destacou “a coragem e dignidade” do seu povo, depois da queda de Ben Alí. A União Europeia pronunciou-se por uma solução democrática “duradoura” e apelou à calma.

A insurreição continuava e as forças politicas internas anunciavam um novo “Governo de unidade”, integrado por algumas figuras da oposição, embora mantendo nos seus lugares ministros chave do anterior regime.

Fontes oficiais confirmaram que nesse futuro gabinete, que tentará integrar-se em poucos dias, para de seguida convocar eleições, não participam nem partidos de esquerda, nem partidos islamitas com o objectivo – dizem – de assegurar uma transição para um regime democrático, mas de “cores moderadas”. E nesse ponto, surge uma pergunta : Como é possível um regime democrático sem as forças nacionalistas mais assinaladas?

Tenhamos em conta, que a Tunísia esteve dominada durante muitas décadas pelo império francês. Está situada num lugar invejável para o turismo europeu, área em que, junto com a pesca, representa um dos rendimentos mais importantes do país. Após tantos anos de um processo de aculturação forçado, os muçulmanos continuam a reivindicar e a combater pelas suas origens.

Um colega de memória invejável recorda-nos que a busca de governos de “cores moderadas “ resulta numa arma da tradicional panóplia imperialista. Não o vivemos já em 1962, quando quase todos os governos e chanceleres da Organização de Estados Americanos (OEA) expulsaram Cuba do seu seio porque “a sua ideologia socialista extra-continental não era compatível com o sistema democrático da América”?

Relembremos brevemente também, a estratégia ianque-ocidental que se operou na Jugoslávia contra o presidente Slodoban Milosevic há 11 anos atrás e, mais recentemente, o golpe nas Honduras e a tentativa no Equador … Algo se esta a cozinhar. E não necessariamente a fogo lento. Oxalá a Tunísia saiba ser o exemplo de África."

Por Anary Lorenzo, 21 de Janeiro de 2011 (traduzido)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Egito... o caralho!!!

Sem avançar aqui em quaisquer considerações de ordem política, apenas quero deixar o meu veemente protesto com a estupidez que representa a aplicação do acordo ortográfico que mais não é senão uma cedência linguística de forma a, em mais um aspecto das nossas vidas, nos submetermos a interesses que não são de todo os nossos.

Mas vejamos quão estúpido é este acordo num exemplo tão simples. neste artigo, postado na RTP, o título do separador é precisamente "Egito". no corpo do texto sobre um país que se chama Egipto, aparece a expressão "Hosni Mubarak falou aos egípcios". Depreendo que no EGITO deveriam existir EGICIOS e não EGÌPCIOS... contudo a estupidez da aplicação deste acordo leva-nos a perceber que a forma "correcta" segundo os defensores desta aberração, é precisamente dizer que no Egito existem egípcios! Não é fantástico? Na língua inglesa e na língua castelhana, o nome do país é semelhante e escreve-se com o "p". por cá também se fazia, mas deixa-se cair em nome de um acordo idiota.

Aqui está um bom motivo para uma desobediência civil!