domingo, 16 de outubro de 2011

Inconsequências...

Assusta ver que a dianteira de uma importante manifestação como a de hoje não foi tomada pelas forças mais organizadas e fortes na mobilização popular.E assusta mais quando nas imagens que vemos dá para perceber que os "indignados" não são uma massa homogénea de gentes que sabem o caminho que querem percorrer, não estão orientados não estão focados na superação do problema com que nos defrontamos. Assusta que à frente da manifestação estejam ideias tão distintas que não se conseguiria arranjar um fio condutor caso fosse necessária uma plataforma de entendimento para o que quer que fosse. E isto porque as principais forças organizadas na vanguarda da luta do povo não estiveram oficialmente ali. Estiveram muitos de forma individual, mas não esteve a base que sustenta estas iniciativas como a que sustentou a de dia 1 de Outubro. Neste momento a unidade de todas as forças progressistas e socialistas é a única via para haver um rumo alternativo. Sem essa unidade sem a participação não sectária de todos os movimentos e partidos e de todas as pessoas que, com ou sem partido, tenham a noção clara que chegou a altura de se desfazer o grande erro que foi montado em seu torno, que chegou a hora de desmantelar um sistema mafioso e cruel onde oferecem liberdade na palavra em troca de escravatura do pensamento. Onde os direitos foram desumanizados e convertidos na ideia de que são luxos de viver acima das posses quando toda a miséria que grassa pelo mundo fora é culpa da acumulação de riqueza nos tais um por cento que mandam e são, de facto, os donos do mundo. Viver acima das posses, viver acima do que se produz não pode ser uma referência a salários mínimos que abrangem parte substancial da população. nem sequer a salários médios que são, ainda assim, miseráveis. Viver acima das posses com seiscentos euros mensais é uma ideia insultuosa quando todos os dias vamos comparando com as pensões de gestores, de administradores públicos e privados, de magistrados e outros que vão tornando insustentável um sistema de segurança social que deveria ser, por si mesma, um sistema universal por representar um esforço proporcional ao rendimento. Viver acima das posses não é mendigar de forma constante por direitos que, esses sim, têm de ser considerados de "humanos", o do trabalho o da saúde e o da educação.

Assusta perceber que os slogans e as frases feitas, as tiradas engraçadas, não são portadoras de caminhos alternativos, e por isso, nesta, como em todas as futuras que existam, deveriam ter estado organicamente todas as forças progressistas e socialistas sem medo das patranhas que os infiltrados já preparam. Esta sempre foi e sempre será uma guerra suja da maioria que manda, mas que apenas existe com a anuência e a responsabilidade directa da maioria que vota.

Foto de Paulete Matos in Esquerda.net

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Crise como álibi

O álibi da crise está a condenar as empresas a uma debilidades e incompetência crónicas. À medida que se exige mais polivalência, os níveis de especialização e de exigência dentro de cada função são atirados para um poço do qual não se vê fundo. Enquanto isso as chefias operacionais são convertidas em novas espécies de incompetentes funcionais porque já não sabem como organizar o inorganizável. Ou param de fazer malabarismos com as pessoas ou algo vai correr muito mal para todos. Se a meta não é a incompetência e a ineficácia através da ineficiência, então não cometam os erros que a elas conduzem de forma inevitável. As pessoas não se podem desmultiplicar e inventar onde não foram formadas. Não pode ser exigido conhecimento onde nunca houve nem vontade nem transparência para o comunicar. Não se pode exigir que se saiba o que antes era vedado ao conhecimento. Não se podem atirar pessoas para funções que desconhecem por completo de um momento para o outro, sem estrutura nem acompanhamento. O álibi da crise é uma arma ao serviço das grandes corporações para redução cega de custos. E a redução está sempre nas pessoas que trabalham e nunca naquelas que assistem e supostamente gerem. Quando vemos este nível de incompetência a crescer exponencialmente, as direcções e os gestores de mãos nos bolsos a dizer que é inevitável ser assim, que tirem a merda das mãos dos bolsos e que as metam ao trabalho. Em última instância, se se preocupam tanto, como dizem, com o futuro das suas organizações e das pessoas que as constroem efectivamente, então que se demitam e que vão gerir mal a puta que os pariu. Precisamos de bons soldados e não de generais esclerosados que dependem da polivalência forçada dos outros para disfarçar a sua total e completa inutilidade.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

República 4.0

Onde estão os ideais republicanos? Seria importante avançar para uma República 4.0, se calhar da mesma forma com que terminaram com a monarquia...