um gesto subtil afasta um adorno
e despes-te sem volta num tempo.
tal o ninho de agosto em hexágonos
na matemática do gosto. a fronteira
de ter-te em inspirações breves
e fazer de ti a minha cúmplice
das madrugadas. o astro que brilha
ao cimo das vestes, entre o espasmo
e a romaria ao corpo que resta.
talvez se contem os dedos pelos dias
e se instale aqui a fórmula matemática
da soma que divide em quimeras.
talvez a roda dentada de uma carne
em consumição lenta, que se entrega
à desistência na exacta medida em que
apenas esta se coaduna com a decadência
mecânica do suporte de identidade.
na realidade é o corpo o próprio adorno,
quantas vezes intempestivo até sucumbir
à evidência. a evidência da lentidão
do reflexo no relampejar cruel
da degradação. está escuro, e nós aqui,
nunca esquecidos,mas sempre abandonados.
brinquedos de uma força grande
na qual acreditaste um dia.
o outro adorno. o adorno da mente.
o adorno que te desmente que um dia,
num lado de lá, a máquina será reposta.
mas nós aqui, nunca esquecidos,
sem máquina. sem mãos entregues
nas outras mãos. sem mais dias para contar.
sem saber sequer mais contar os dias.
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