Porque
todas as instituições conspiram contra a existência. Porque todas, sem excepção,
estão para além da existência do indivíduo e do conceito que ele tem de si
mesmo, são um perigo constante à sua liberdade de existir enquanto ser
individual que tem de se opor de forma determinada. Só é possível imaginar a
organização entre seres desorganizados e desalinhados de tudo e de todos. O
cartão partidário equivale à morte cerebral, à paralisia social. Ter uma
solução é um alinhamento perigoso, uma formatação que tem de ter
necessariamente origens secretas, inscritas em interesses duvidosos. Ainda que
o portador do cartão seja um “zé” anónimo, é seguramente um perigoso mutilador
de toda e qualquer liberdade de ser e de existir. Em assembleia deve ser
condenado, não ao fogo dos infernos que esse existe ou não, mas ao fogo de Auschwitz
que não matou judeus suficientes e estes continuam a foder-nos a existência com
protocolos, maçonarias e outras porcarias sionistas fascistas.
Ninguém defende a liberdade como o libertário, que na américa quer dizer
precisamente o fulano que defende a total liberdade, sem Estado a controlar ou
a programar seja o que for. Por isso os libertários americanos se opõem a tudo
o que seja protecção social porque entendem que o Estado não pode decidir onde,
de que forma e por quem irá um doente ser tratado. Cabe a este decidir, ainda
que moribundo, em que mãos vai querer morrer porque a sua liberdade que desde
sempre colidiu com a sociedade como um todo, não permitiu que se criasse um
sistema, uma estrutura que formasse o bem comum em paralelo com o bem do
indivíduo enquanto tal, que os dois se complementassem numa só forma de
estruturar a sociedade. Mas a estrutura é sistema e o sistema é mutilação
mental, tortura psicológica, manipulação e outras tretas que tais. Os libertários
americanos são portadores da derradeira forma de pensamento de Milton Friedman.
Friedman era, afinal, um radical anarquista. Porque o indivíduo tem de ser
livre de construir ou de destruir, de escolher, de consumir, de viver ou
morrer. Que se foda a sociedade ou o Estado. Desde que eu possa falar e gritar
numa assembleia e dizer tudo o que vai na alma, descarregar numa espécie de
terapia de grupo em que não existe grupo, porque grupo é organização e
organização é tomar partido e partido é crime de lesa pensamento. Tomar partido
é debitar excremento.
Qualquer forma de organização é totalitária, excepto aquela que incluir o “eu”
como centro de acção popular sem povo, porque povo é conceito. Classe é
conceito e o “eu” não tem classe. Isso são coisas de marxistas, comunistas,
totalitaristas quando o único “total” que pode existir é o indivíduo indignado
até com a sua própria existência. Porque lhe dói, porque se contorce, porque o
ignoram, porque berra, porque quer falar e teima em querer falar em se
aperceber que nunca se calou sequer por um segundo, e argumenta desargumentando
ad nauseum. Porque toda a forma de poder é má excepto quando o poder puder ser
exercido em parte pelo “eu” que tem voz, não igual, mas superlativa. O “eu” que
fala moralmente mais alto porque vale mais que mil “eus” manietados pelos
cartões dos partidos, pelos coletes dos sindicatos. Esses são os pulhas que
tiram a voz ao “eu” indivíduo Calimero que caga na sociedade para que o “eu”
intervenha sem soluções que não as de protestar incessantemente contra tudo e
todos até que doa a voz. Ainda que essa voz se junte á do inimigo declarado
que, afinal é o mais devoto aliado.
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