terça-feira, 3 de maio de 2011
Carta de condolências ao Presidente dos Estados Unidos da América
Caro Presidente dos Estados Unidos da América, Sr. Barack Hussein Obama,
Sei que, com esta carta, venho interpretar uma dor que poucos terão sentido, mas que, estando profundamente escondida no seu íntimo e de muitos que o acompanham, não deixa de existir e de lhe causar um aperto no peito. Dor pela perda de um velho amigo e aliado que se sacrificou a uma vida de retiro tão especial em nome do estilo de vida americano que o senhor presidente tão bem personifica. Dor, pela perda de um companheiro de décadas, que ajudou o seu país na luta contra o domínio soviético no Afeganistão quando a URSS via entrar o islamismo fundamentalista pelas suas fronteiras. Financiado pela sua agência de inteligência central ajudou com os seus mujahidines a derrotar as tropas soviéticas que ousaram invadir este país estável e pacífico que viveu sempre para alimentar economicamente os seus exércitos de espiões com o dinheiro do ópio. Dor, pelo desaparecimento de um verdadeiro patriota americano ainda que disfarçado de inimigo. Aquele que, em nome dos interesses do país que o senhor tão bem representa, aceitou fazer de peão num jogo de auto-mutilação que foi aquele ao qual chamaram de atentados de 11 de Setembro de 2001 na cidade de Nova Iorque, para que uma nova ordem mundial pudesse ser finalmente estabelecida e o seu país pudesse intervir arbitrariamente em qualquer ponto do mundo sem que os outros países lhe retirassem uma legitimidade moral para tais intervenções. Dor, por aquele que levou essa legitimidade ao ponto de ser conseguido um domínio pelo seu país sobre os países com as mais importantes reservas de petróleo do mundo, e aberto as portas para futuras intervenções nos restantes. Sabemos o quão escasso é esse bem, que estamos já na fase descendente da sua extracção e que cada vez implica maiores custos consegui-lo. Dor e pesar, por aquele que, em nome do bem-estar e do modo de vida americano se sacrificou a viver em montanhas como um animal selvagem e a ser falsamente perseguido pelos seus exércitos. Dor e pesar, por aquele que terá cometido (a ser real o que o senhor presidente transmitiu como notícia) um sacrifício que cada vez menos americanos estão dispostos a fazer pelo seu próprio país, o da morte, numa altura em que esta era tão importante para si, que lhe garantirá uma reeleição, e que permitirá ao seu povo descansar em paz sob a ilusão de que tudo está bem quando acaba bem. Mas, caro presidente, morreu o mais patriota dos americanos que, não o sendo, o foi como poucos. Um árabe que dedicou toda a sua vida a servir o país do senhor presidente e a abrir caminho para o que o senhor e os seus antecessores necessitavam. Morreu um patriota para que possam continuar a queimar impunemente um quarto dos recursos naturais escassos do mundo.
Como era de se prever, a sua dor foi contida e mesmo disfarçada de contentamento e a cultura e sabedoria dos seus soldados proporcionaram ao seu velho amigo e aliado um final desejado pelo próprio provavelmente convertido ao cristianismo, uma vez que os islâmicos não se sepultam daquela forma. O senhor não iria, mesmo disfarçando tão bem, cometer um atentado à memória de um dos maiores aliados do seu país desrespeitando a sua religião. Estou certo, por aquilo que vou conhecendo de si, que nunca o faria.
Por tudo isto, a minhas mais profundas condolências pelo desaparecimento do mais patriota dos americanos não americano Osama Bin Laden. Agora está a descansar em paz na certeza de que cumpriu integralmente a missão que lhe foi entregue, se realmente for verdade a sua morte.
Com os cumprimentos de sempre.
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