quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Hiper-explorados

Esta é uma realidade vivida há já muito tempo. As razões que levam a esta greve anunciada, e que infelizmente não vai resultar em nada, é algo que vem sendo prática comum no sector da distribuição em Portugal. Não bastam as violações constantes do Código do Trabalho mesmo na sua versão mais rosa no que dz respeito à manipulação e abuso da figura do contrato a termo, bem como do recurso insistente de trabalhadores temporários para necessidades constantes efectivas (não me refiro a reforços de época) agora aparecem, como se fosse novidade, as questões dos horários de trabalho alargados neste período natalício.

Certo estou que o patronado da distribuição preenche na totalidade as fileiras conservadoras e portanto católicas, apostólicas romanas, dando às famílias a máxima importância. Só que, por famílias entenda-se as suas próprias, porque para os miseravelmente assalariados do sector essa mesma família torna-se praticamente invisível durante este mês. Para se compreender o enquadramento leia-se aqui a razão para a justa convocação da greve no sector.

Contudo, tudo isto não passa de um enorme embuste, uma vez que estes horários já vêm a ser praticados ao longo dos anos em várias empresas de distribuição, membros da mesma APED que diz não entender os motivos da greve. Esses e outros atropelos à lei nas questões dos horários, deveriam sensibilizar aqueles que não trabalham neste sector para, à falta de condições para haver uma greve efectiva, pois a maioria dos trabalhadores possui vínculos precários, serem eles mesmos a boicotar as compras no dia 24 de Dezembro. Infelizmente sabemos que isto também não irá acontecer, mas fica o repto.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Mais uma vez o natal

Qual a motivação de organizações que estão constantemente a apertar nos custos e a queixar-se de que os lucros baixam a cada ciclo e ao mesmo tempo gastam fortunas em jantaradas e almoçaradas para alguns lambe-botas e beija-luvas? Esta é uma época curiosa em que isso sucede em muitas organizações por todo o país. Vão-se organizando os jantarinhos mais ou menos abastecidos do natal dos ainda empregados. E quando ao longo do ano se ouvem todas as necessidades de cortes permenentes porque por um ou outro motivos as coisas correm menos bem como desculpa para a precarização crescente e constante miserabilismo salarial, chegamos a esta altura a saltam da cartola jentarinhos de natal para funcionários papalvos, os colaboradores na novilíngia do exploradorismo oficial. Jantarinhos à borla que saem do corpo de cada um de todos os papalvos que aceitam participar nas farsas que são estas formas presuntas de coesão de equipas que há muito se encontram desfeitas num espírito corporativo que não tem qualquer significado prático. Não é de espantar que esta seja a pior das alturas, o mais radical golpe na inteligência dos trabalhadores. doces ilusões que se esfumam logo no mês seguinte. A candura dos convites personalizados das chefias intermédias e superiores armados em accionistas a cada momento que lhes interessa, quais diminuidos cerebrais, é de levar à náusea.

As organizações seguem sendo o reflexo das próprias pessoas que as constituem e das políticas que vão adoptando. Por mim creio que seria mais honesto queimar esse dinheiro que gastá-lo nestas sessões de parasitarismo social já que ofende demasiado o senso destes senhores fazer as pessoas participarem dos lucros das organizações que ajudam a existir no dia a dia.