quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Sonoridade magnífica! GODSPEED YOU! BLACK EMPEROR

GODSPEED YOU! BLACK EMPEROR - Com o tema SLEEP (Álbum: lift yr. skinny fists like antennas to heaven! 2000)


Permitam-me que utilize esta peça magnífica como sátira ao próximo imperador do mundo que já adormeceu muitos tontos com o seu discurso, o Sr. Obama.

Sobre a Reforma da função Pública...

Os nossos governantes escolhem para o Estado o mesmo sistema podre e disfuncional que é aplicado no meio empresarial privado apenas ajustando as regras aos escalões remuneratórios já existentes. As mesmas regras idiotas e arbitrárias que a iniciativa privada aplica aos seus recursos humanos, com o resultado calamitoso que é conhecido, vão passar a ditar também os destinos dos ex-funcionários públicos agora transformados em funcionários do Estado-patrão enquanto for conveniente. Talvez as coisas não estejam muito bem agora com muita gente a abusar da sua posição e a desbaratar os bens públicos e a trabalhar muito aquém das suas possibilidades. Talvez sejam necessários ajustes na forma como os funcionários são vinculados ao seu estatuto de serventes da coisa pública. No entanto, não me parece que esta seja a mais correcta forma de eliminar essa desresponsabilização de muitos e esse mandriar tão conhecido de alguns que tanto é caricaturado. Isso não representa o funcionarismo público, não representa uma maioria de pessoas que servem como podem e sabem o estado português e consequentemente os cidadãos contribuintes.

Destaco sobre este assunto o texto do economista Eugénio Rosa aqui.

Ficam as palavras com que remata o seu artigo:

"A existência na Administração Pública do vínculo de nomeação e de regras claras na progressão na carreira defendia os trabalhadores contra o arbítrio das chefias e do poder político; impedia a chantagem sobre os trabalhadores para que satisfizessem interesses pessoais ou partidários; e garantia a prestação de serviços públicos, em igualdade, a todos os cidadãos. Este governo, ao pretender acabar com o vínculo de nomeação e ao alterar profundamente as regras que existiam na Administração Pública, nomeadamente quanto à admissão e à progressão na carreira; à fixação de remunerações, ao direito ao emprego, etc, tornando tudo isto totalmente dependente do arbítrio das chefias, como se mostrou, cria condições para o aumento das desigualdades entre os trabalhadores dos diferentes serviços e mesmo no interior de cada serviço, para a chantagem dos trabalhadores, para os despedimento de trabalhadores mais firmes, etc.; em suma, o que se pretende introduzir na Administração Pública é a desigualdade, a precariedade, a psicologia do medo e o poder absoluto e arbitrário das chefias, e acabar, objectivamente, com uma Administração Pública independente, que sirva, em igualdade, todos os cidadãos, passando a servir melhor alguns, aqueles que sejam do agrado das chefias e do poder politico. É contra tudo isto que todos os portugueses se devem opor."

Brisa e companhia agradecem...

...e eis que começa a roda viva das comunicações de aumentos de preços com as portangens. O Governo anuncia uma subida de 2,20%. Num país onde não existe uma rede alternativa viável de transportes públicos por empresas públicas para servir o interesse público... Brisa e companhia agradecem.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Morreu um dos maiores vultos da música contemporânea: Lars Hollmer



Aqui revisto num trabalho de 1999 com o seu projecto Samla Mammas Manna. Desaparece mais um dos grandes nomes da música contemporânea próxima das sonoridades progressivas. Esteve em Portugal em 2005 por ocasião do festival Gouveia Art Rock (GAR) 2005.

sábado, 27 de dezembro de 2008

O oportunismo capitalista da crise

Um facto inegável e indesmentível passa diante dos nossos olhos. Aqueles que, com a sua gula de riqueza, pariram e criaram esta crise, são exactamente os mesmos que agora nos fazem crer que tudo está tão mau que justifica os “ajustamentos” que irão ser introduzidos nas empresas no ano que se aproxima. No fundo, nada mais que a mesma velha receita de sempre: redução de postos de trabalho, redução de salários ou congelamento dos aumentos dos mesmos e por último a natural “mendigagem” ao estado por apoios múltiplos às empresas quando todo o tempo, o gastam a amaldiçoar o excessivo peso deste ou a sua demasiada intervenção na economia.

A palavra “crise” serve para atordoar os atingidos pelos efeitos da própria numa vaga mediática que tenta, ainda assim, explicar o que não tem explicação. Não é por acaso que, aqueles que comentam o actual estado da economia são precisamente os que sempre defenderam as fórmulas que nos trouxeram a esta situação.

É fundamental que cada desempregado, cada excluído directa ou indirectamente por efeitos desta crise, compreenda integralmente as consequências que devem advir da situação criada. É importante que não se premeie num período eleitoral que se aproxima, a direita política que sempre se apoiou nestas soluções económicas e financeiras desastrosas e sempre defendeu o mercado como o seu “bem” mais “sagrado”. Esta direita merece definhar politicamente, em resposta às consequências das suas teorias económicas que tentaram mutilar a política como instrumento base na regulação do poder económico de classe.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

As organizações SÃO as PESSOAS!

Há uns dias fui confrontado com uma frase que me levou alguns dias para digerir. Proferida pelo Professor Doutor Manuel Pinto Teixeira, referia-se à incapacidade de trabalho em geral dos portugueses. A incapacidade de trabalho gerada numa cultura de irresponsabilidade e de uma certa tendência de desenrasque geral.

Sou levado a concordar com parte do conteúdo ou com a ideia geral de que temos na nossa identidade nacional o factor que contribui para que tudo se faça de forma atabalhoada. Que se contornem as regras, que se violem os princípios do funcionamento esperados das regras e das convenções. Somos realmente assim?

O exemplo dado na mesma sessão não poderia ter sido melhor escolhido. O caso da TSF. Acontece que sou um ouvinte desde que me lembro de ter consciência do mundo e das coisas que nos rodeiam dessa rádio. O que me atraiu nesse projecto foi justamente a excelente qualidade dos seus profissionais que se revelou na programação de excelência que esta emissora tinha há uns anitos atrás. Não quero com isto dizer que tenha deixado de ter na totalidade, mas a qualidade baixou muitos pontos com o novo sistema mercantilista das notícias. E o exemplo concreto foi o do cronista Fernando Alves que me lembro desde sempre nas suas famosas inspirações únicas reveladas pela manhã, dos “sinais” de um mundo visto pelos olhos devoradores do comportamento humano, criados em iluminados momentos de inspiração e ditados ao microfone da rádio com uma das últimas vozes verdadeiramente radiofónicas na rádio portuguesa.

Fernando Alves foi-nos assim apresentado como um incorrigível incumpridor de regras, como um homem intolerável em determinados momentos e extremamente afável noutros, no espírito do “tem dias”… Para mim, que cresci a ouvir a TSF mesmo quando ainda não podia muito bem compreender o que estava por trás daquelas terríveis notícias fabulosamente cobertas da primeira guerra do Golfo Pérsico a voz e as crónicas do Fernando Alves, bem como outros trabalhos que passaram por reportagens e entrevistas, parece-me quase que ofensiva a alusão ao cronista como exemplo de mau comportamento na organização TSF.

Fernando Alves foi uma das figuras que criaram a identidade da TSF ao longo dos anos e mantém-se como um património, talvez mesmo o único que resta, da grande rádio que a TSF já foi. A questão central aqui é que as organizações SÃO as pessoas e são PARA as pessoas. A noção com que fiquei da ideia que foi transmitida é que as organizações não podem suportar identidades pessoais com carácter próprio, que não podem permitir que não se siga à risca um plano traçado num qualquer gabinete porque tudo está estudado ao milímetro incluindo as emoções geradas por cada frase, por cada entoação, por cada hesitação. As organizações necessitariam portanto de se desumanizar para se mecanizarem como homens e mulheres cada vez mais descartáveis, mudos e quedos nos seus lugares esquematizados. E o exemplo é melhor ainda porquanto se trata de um trabalho criativo. Fernando Alves é um mau funcionário mas que cumpre os seus objectivos e mantém um nível criativo invulgar. Porque não foi ainda descartado? Porque a relação custo – benefício indica que ele, ainda assim, como incorrigível incumpridor de regras, cumpre com os objectivos e realiza mais-valia para a sua organização.

Mas a questão não morre neste exemplo. Serão os portugueses um povo de intrujas e de calões que não querem trabalhar e que se desenrascam com o que apanham à mão? Essa é uma boa ideia para vender a quem tiver a vontade de, mais uma vez ser “comido” com verdades feitas que não passam de mistificações. Os trabalhadores portugueses são como todos os outros. Há-os de todas as formas e feitios e lá por fora são dos mais produtivos. Então se assim é, porque não acontece o mesmo por aqui?

Na minha opinião existe um ponto fulcral onde tudo falha no nosso país. Os quadros superiores e intermédios das empresas privadas e públicas são, na sua grande maioria entregues a pessoas pouco qualificadas, senão tecnicamente, pelo menos humanamente. Ou então tecnicamente a nível de recursos humanos. As organizações estão pejadas de escroques e escumalha autoritária de assalariados que se comportam como cães ao serviço de um único propósito, a própria ascensão e dos amigos. Aqui é uma realidade indesmentível. Somos um país de cunhas. Sem as cunhas não teríamos a orde de bestas a pilotar as nossas organizações, os criadores e fazedores de relações laborais precárias, os lambe-botas do sistema que os chicoteia mas ao mesmo tempo lhes oferece o chicote para a vingança nos elos mais fracos.

Na sua esmagadora maioria os quadros intermédios e mesmo muitos superiores são escolhidos entre os que revelam mais desumanidade, os cães raivosos e irracionais das instituições que são capazes de destruir tudo por onde passam. Só assim se explica que a produtividade seja muito mais baixa por aqui. É que os quadros intermédios e superiores são, eles mesmos, incapazes de gerir, não as organizações em si, mas as pessoas. Acontece que as pessoas são a única verdadeira riqueza estável de uma organização e podem ser tão produtivas quanto melhor forem geridas, quanto melhor se souber proporcionar relações estáveis de trabalho, estímulos realistas à produção, informação concreta e em tempo real da situação financeira das organizações, participação nas ideias e nos resultados produzidos pelas mesmas, estímulos à vinculação às funções onde cada um esteja mais adaptado e se sinta bem.

Não vale sequer a pena falar das questões salariais. É ridículo pensarmos que temos de ter excelentes profissionais quando por pouco menos dinheiro, poderiam estar em casa a servir-se dos dinheiros públicos para financiar o desemprego. O desemprego e o baixo consumo privado devem-se primariamente à cultura de baixos salários e de altos impostos (que não seriam altos se o Estado cumprisse as funções para as quais são recolhidos). Os trabalhadores no activo acabam por financiar toda a actividade económica do país. Ainda se lhes deve pedir mais? Não será agora a vez que qualificar técnica e humanamente os nossos quadros das organizações? Não será a vez de terminar com a absurda ideia de que a competitividade gera melhor produtividade, em contraponto com a ideia de que a cooperação e o trabalho organizado de equipa é factor de mais estímulo e melhor desempenho? Que a alta rotatividade de quadros gera menos despesa com pessoal em contraponto com a ideia de que a estabilidade gera maior confiança e mais identidade com a organização levando por sua vez a maior e melhor produtividade?

domingo, 14 de dezembro de 2008

Dinheiro = dívida




Dinheiro = dívida.

Perceber o que é e como se cria o dinheiro.

Lafontaine sobre Obama

“A vitória eleitoral de Barack Obama é uma boa notícia, uma vez que a política do presidente Bush e do seu partido era insuportável. Contudo, tendo em conta as consideráveis somas que o capital americano investiu na campanha eleitoral do novo presidente, sou muito céptico em relação ao seu futuro como reformador. O capital nunca dá sem pedir algo em troca.”

Oskar Lafontaine (in www.sinpermiso.info) contido na declaração de apoio ao recentemente formado Parti de Gauche em França. Mais um passo para a desejada e inevitável união das esquerdas.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Bank of America planeia eliminar 35 mil postos de trabalho




Segundo a Lusa, o maior banco americano decidiu desfazer-se de 30 a 35 mil funcionários progressivamente durante os próximos três anos. São alegados para este despejo humano os encargos com o resgate da Merryl Linch e má conjuntura económica em geral. É mais uma contrariedade a somar às muitas que têm vindo a aparecer a cada dia, para o novo presidente eleito que pretende criar 2,5 milhões de postos de trabalho do país durante o seu mandato.

Ao que parece Obama seguiu a lição das promessas e dos resultados de José Sócrates pelo que já se adivinha, mesmo antes de iniciar o mandato, uma reeleição em 2012.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

AS FESTAS, AS SESTAS E AS BESTAS

Hoje consigo cumprir mais um capítulo de incumprimento do dever de ser social. Não o sou nem quero ser. A fantasia espalha-se. É contagiosa que baste para iludir uns quantos. Não estou e não sou para aturar imbecilidades de pessoas que não conheço nem quero conhecer. Sorrisos de circunstâncias complicadas em dias em que tudo é posto em causa sinónimo de amanhãs incertos, nas mãos de uns quantos fazedores de felácios, carreiristas e oportunistas. Os que encolhem nos outros para terem mais por onde chupar. Que se socorrem dos números manipulados para mutilar as vidas de muitos a seu prazer, sempre com as mesmas caras de merda com as quais foram paridos.

GALA PRÉMIOS PRECARIEDADE

dIVULGAÇÃO:

Não perca a oportunidade para premiar quem o não premeia a si. AQUI.

domingo, 7 de dezembro de 2008

A manipulação da sondagem

Tenho algumas boas razões para acreditar que as sondagens políticas estão longe de ser uma espécie de consulta ao eleitorado, sendo antes uma impostura ao futuro eleitorado. Daí que defenda que as sondagens devem ser proibidas desde seis meses antes de qualquer acto eleitoral. Estes pretensos estudos têm como consequência os seguintes aspectos:

1 – Desvio do eleitorado das forças políticas da sua primeira escolha para as forças políticas com maior probabilidade teórica de sucesso. É o chamado factor “voto útil”. Num sistema pluripartidário o fenómeno do “voto útil é factor de transformação em sistema bipartidário, que nos casos das supostas democracias ocidentais equivale a dizer a um totalitarismo disfarçado de múltiplas opções;

2 – As sondagens são feitas a partir de amostras. Sabemos que cada vez mais a estatística é trabalhada de forma a quase não errar nas chamadas sondagens de “boca da urna”, mas as que são feitas semanas e meses antes dos escrutínios podem ser sempre manipuladas ao gosto de quem encomenda.

3 – Não existem empresas de sondagens independentes. São todas empresas privadas que dependem de quem lhes paga, nomeadamente os maiores partidos (ou partidos de sistema), e pela comunicação social detida por grupos económicos e interesses ligados aos mesmos grandes partidos.

4 – A sondagem pode ter um efeito mobilizador – “o meu voto não é necessário pois o partido/coligação/proposta em referendo já ganhou” – ou um efeito desmobilizador – “não vale a pena votar pois não há possibilidade do partido/coligação/proposta em referendo ganhar”.

5 – À sondagem segue-se o comentário político, quase sempre feito dentro da esfera limitada dos comentadores oficiais do sistema, mais uma vez motivando ou desmotivando potenciais votos em partidos que não do sistema.

Por esses motivos e por muitos mais que poderíamos retirar de uma análise mais aprofundada destes fenómenos, as sondagens de opinião política deveriam ser proibidas até seis meses antes de qualquer acto eleitoral.