terça-feira, 20 de dezembro de 2011

No Way Out

Por muito que tentemos escapar dos nossos próprios medos, eles perseguem-nos como se fossem carrascos do nosso pensamento. Muitas vezes pensar e agir são opostos, e a vida estreita-se num universo limitado que não é senão um factor diminuidor da individualidade. E contudo, como sociais que somos, a individualidade dilui-se no colectividade do "nós", ainda que, cada vez mais a farsa humana nos empurre para "ser para além de" em vez de "ser com". Os medos implicam antes de mais a sua própria consciência, mas implicam também uma força interior inequívoca que rasga todas e quaisquer amarras. Porque as convenções são mentiras chapadas à cara das sociedades que julgam ter um tronco comum com algo que nunca passou de mera fantasia. Não somos senão produtos de mentiras em cima de mentiras. E os medos não são senão o reflexo dessa realidade traduzido no desconhecimento total de um propósito para ser. Mas qual propósito? Nunca uma criatura inteligente poderia ver propósito na existência precária. Pelo que nem acto de criação, nem evolução. o que temos mesmo é uma regressão humana através dos medos ás formas mais primitivas de organização social. O medo tolhe-nos a vontade de transformar porque a transformação é a negação de tudo quanto nos foi imposto porque assim é e assim tem de ser. Mas os tempos revelam que a vida, precária, se abriga não poucas vezes em paragens quiméricas de seres ilusórios. Quando sabemos que a sua existência é tão real como o facto de sermos livres de escolher o nosso caminho. Porque não existe um caminho.

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