segunda-feira, 16 de abril de 2012

Do Anarco-Calimerismo

Porque todas as instituições conspiram contra a existência. Porque todas, sem excepção, estão para além da existência do indivíduo e do conceito que ele tem de si mesmo, são um perigo constante à sua liberdade de existir enquanto ser individual que tem de se opor de forma determinada. Só é possível imaginar a organização entre seres desorganizados e desalinhados de tudo e de todos. O cartão partidário equivale à morte cerebral, à paralisia social. Ter uma solução é um alinhamento perigoso, uma formatação que tem de ter necessariamente origens secretas, inscritas em interesses duvidosos. Ainda que o portador do cartão seja um “zé” anónimo, é seguramente um perigoso mutilador de toda e qualquer liberdade de ser e de existir. Em assembleia deve ser condenado, não ao fogo dos infernos que esse existe ou não, mas ao fogo de Auschwitz que não matou judeus suficientes e estes continuam a foder-nos a existência com protocolos, maçonarias e outras porcarias sionistas fascistas.

Ninguém defende a liberdade como o libertário, que na américa quer dizer precisamente o fulano que defende a total liberdade, sem Estado a controlar ou a programar seja o que for. Por isso os libertários americanos se opõem a tudo o que seja protecção social porque entendem que o Estado não pode decidir onde, de que forma e por quem irá um doente ser tratado. Cabe a este decidir, ainda que moribundo, em que mãos vai querer morrer porque a sua liberdade que desde sempre colidiu com a sociedade como um todo, não permitiu que se criasse um sistema, uma estrutura que formasse o bem comum em paralelo com o bem do indivíduo enquanto tal, que os dois se complementassem numa só forma de estruturar a sociedade. Mas a estrutura é sistema e o sistema é mutilação mental, tortura psicológica, manipulação e outras tretas que tais. Os libertários americanos são portadores da derradeira forma de pensamento de Milton Friedman. Friedman era, afinal, um radical anarquista. Porque o indivíduo tem de ser livre de construir ou de destruir, de escolher, de consumir, de viver ou morrer. Que se foda a sociedade ou o Estado. Desde que eu possa falar e gritar numa assembleia e dizer tudo o que vai na alma, descarregar numa espécie de terapia de grupo em que não existe grupo, porque grupo é organização e organização é tomar partido e partido é crime de lesa pensamento. Tomar partido é debitar excremento.

Qualquer forma de organização é totalitária, excepto aquela que incluir o “eu” como centro de acção popular sem povo, porque povo é conceito. Classe é conceito e o “eu” não tem classe. Isso são coisas de marxistas, comunistas, totalitaristas quando o único “total” que pode existir é o indivíduo indignado até com a sua própria existência. Porque lhe dói, porque se contorce, porque o ignoram, porque berra, porque quer falar e teima em querer falar em se aperceber que nunca se calou sequer por um segundo, e argumenta desargumentando ad nauseum. Porque toda a forma de poder é má excepto quando o poder puder ser exercido em parte pelo “eu” que tem voz, não igual, mas superlativa. O “eu” que fala moralmente mais alto porque vale mais que mil “eus” manietados pelos cartões dos partidos, pelos coletes dos sindicatos. Esses são os pulhas que tiram a voz ao “eu” indivíduo Calimero que caga na sociedade para que o “eu” intervenha sem soluções que não as de protestar incessantemente contra tudo e todos até que doa a voz. Ainda que essa voz se junte á do inimigo declarado que, afinal é o mais devoto aliado.




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