sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quando o democrático se torna anormal

Ontem, na SIC Notícias, e a propósito da actual crise no PSD, um comentador político que por acaso também é jornalista, considerou como anormal o definhamento do PSD em detrimento dos partidos à esquerda do PS. Para o comentador José António Teixeira este crescimento à esquerda´parece ser um sinal de que afinal a democracia tal como foi concebida pode estar a querer deixar de funcionar.

E ele tem razão. A democracia tal como foi concebida e como é aplicada apenas suporta dois partidos de poder, PS e PSD e todos os partidos à esquerda do PS devem ser sempre marginais. Ora, as sondagens dão aproximadamente 18% ao conjunto dos votos no PCP/CDU e do BE. Desde 1979 que a esquerda não tinha tanta força eleitoral e isso compreende-se pela realidade política e social que vivemos. COntudo, para os comentadores que estão habituados ao sistema que ajudam a manter este é um facto anormal e desiquilibrador. Revela um definhamento político de uma direita sem norte e que já provou não ter capacidades governativas. Ou será que não? É que a actual crise no PSD foi também ela criada e mantida pelos próprios jornalistas e comentadores residentes dos media nacionais em concertação com os interesses do governo. E mais estranho ainda é que a classe dos jornalistas é justamente uma das classes mais afectadas por vinculos laborais precários ou a ausência total deles. Afinal, não há almoços de borla e temos todos de fazer pela vida.

"Anormal" é um comentador político residente de um canal televisivo achar anormal o sentido de voto dos eleitores num sistema a que chamam de demecrático. Normal será, para estes senhores termos, à semelhança de outras paragens, dois partidos apenas por onde escolher sendo que entre eles as diferenças não são nenhumas.

Isto até parece mesmo o 24 de Abril...

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