quarta-feira, 11 de março de 2009

Da nulidade ideológica à irresponsabilidade institucional



José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola está de visita a Portugal numa missão aparentemente dedicada em exclusivo a questões económicas. Angola é um país para onde não só emrpesários como trabalhadores portugueses começam a ver abertas excelentes oportunidades. Que o digam os empresários portugueses em diversos sectores mas principalmente na construção, que têm visto Angola como a tábua de salvação dos seus negócios perante a actual situação de crise na Europa e nos EUA. O presidente angolano foi calorosamente recebido, não apenas como chefe de estado de um país com o qual temos laços seculares de amizade (e domínio colonial, sendo que essa é uma questão mais que ultrapassada), mas como um mensageiro que transporta consigo uma esperança de saída para a nossa economia.

Um projecto importante parece ser o projectado entre a Sonangol e a CGD para a constituição de um banco de investimentos entre as duas instituições públicas angolana e portuguesa.

Mas nem tudo corre sempre bem e nesta altura pré-eleitoral uma certa esquerda lembra-se do folclore para atirar ao ar uma superioridade moral e política em nome de pretensos valores de direitos humanos. Angola teve recentemente um processo eleitoral que foi considerado por todos no ocidente como sendo democrático e mesmo exemplar numa zona sempre conturbada. Mas o Bloco de Esquerda entendeu que não deveria participar nas boas-vindas ao presidente angolano na Assembleia da República porque no seu país não são respeitados os direitos humanos e não existe liberdade de informação. Questionado sobre o motivo real da escusa do bloco em participar em tal iniciativa, João Semedo, deputado do BE afirma que não participa numa iniciativa que visa homeagear um presidente que se encontra no poder há mais de trinta anos e que nunca foi sufragado.

A evolução política e económica em Angola tem sido alvo de muitos ataques e críticas, contudo, no panorama africano Angola representa um exemplo a vários níveis e pode-se dizer que existe um consenso que fez reunir naquela sessão desde o CDS ao PCP. José Eduardo dos Santos tem sido também alvo de muitas críticas mas não se pode negar que é a figura central da evolução política em Angola.

Temos de ficar com esta imagem insólita do Bloco de Esquerda a defender ideias sem nexo. E ficaremos sobretudo quando os próximos homenageados forem de países onde existem monarquias, onde os chefes de estado não estão mais de trinta anos, estão toda a extensão da sua vida desde que sejam empossados, e não representam senão a sua linhagem e o seu sangue. Veremos certamente o BE a praguejar contra Espanha ou Ingaterra? E se o homenageado fosse alguém como Tony Blair, o criminoso de guerra, se calhar já não se coibiam de aparecer por lá. Por vezes o eleitoralismo barato tem destas coisas. O bloco é como o sumo de fruta... sem fruta.

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