domingo, 7 de dezembro de 2008

A manipulação da sondagem

Tenho algumas boas razões para acreditar que as sondagens políticas estão longe de ser uma espécie de consulta ao eleitorado, sendo antes uma impostura ao futuro eleitorado. Daí que defenda que as sondagens devem ser proibidas desde seis meses antes de qualquer acto eleitoral. Estes pretensos estudos têm como consequência os seguintes aspectos:

1 – Desvio do eleitorado das forças políticas da sua primeira escolha para as forças políticas com maior probabilidade teórica de sucesso. É o chamado factor “voto útil”. Num sistema pluripartidário o fenómeno do “voto útil é factor de transformação em sistema bipartidário, que nos casos das supostas democracias ocidentais equivale a dizer a um totalitarismo disfarçado de múltiplas opções;

2 – As sondagens são feitas a partir de amostras. Sabemos que cada vez mais a estatística é trabalhada de forma a quase não errar nas chamadas sondagens de “boca da urna”, mas as que são feitas semanas e meses antes dos escrutínios podem ser sempre manipuladas ao gosto de quem encomenda.

3 – Não existem empresas de sondagens independentes. São todas empresas privadas que dependem de quem lhes paga, nomeadamente os maiores partidos (ou partidos de sistema), e pela comunicação social detida por grupos económicos e interesses ligados aos mesmos grandes partidos.

4 – A sondagem pode ter um efeito mobilizador – “o meu voto não é necessário pois o partido/coligação/proposta em referendo já ganhou” – ou um efeito desmobilizador – “não vale a pena votar pois não há possibilidade do partido/coligação/proposta em referendo ganhar”.

5 – À sondagem segue-se o comentário político, quase sempre feito dentro da esfera limitada dos comentadores oficiais do sistema, mais uma vez motivando ou desmotivando potenciais votos em partidos que não do sistema.

Por esses motivos e por muitos mais que poderíamos retirar de uma análise mais aprofundada destes fenómenos, as sondagens de opinião política deveriam ser proibidas até seis meses antes de qualquer acto eleitoral.

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