domingo, 4 de novembro de 2007

De volta a 1975

Não vou falar do PREC. Nem sequer de política. 1975 foi o ano em que saíu um dos álbuns conceptuais (como então se chamavam às compilações de músicas feitas com um certo sentido ou com uma história para ser contada) que mais me influenciou a partir do momento em que o conheci.

Foi um pouco ao acaso que comprei aquele primeiro CD de música. E como era o primeiro pensei que deveria ser algo em que deveria arriscar. Já conhecia a banda através de uma gravação de qualidade duvidosa que consegui naquela prática que tinhamos (calculo que todos os que tiveram o prazer de viver os tempos em que a rádio ainda era rádio) de passar para as velhinhas cassetes tudo o que de interessante pudesse passar nos nossos programas preferidos. A rádio ainda era feita por pessoas e estávamos no final da leva de rádios piratas que tanta falta fazem a este país. E pouco me importa o que dizem os estafermos que zurzem contra a pirataria. Não se trata de pirataria mas antes de respirar a música que hoje teimam em fazer ficar nas prateleiras de uma história esquecida. Piratas são todos os que compôem a corja que nos dita o gosto, que vomitam estas modas dos hip-hop e fantuchadas musicais do género. Esses que cospem na arte e no amor de criação musical porque apenas lhes interessa o negócio. As minhas cassetes e as cassetes de muitos como eu encheram muitas prateleiras e passaram horas e horas a fio nos velhos leitores com aquela qualidade deprimente mas com aquela presença fundamental às nossas vidas.
Comecei a tocar baixo por cima dessas mesmas cassetes que esses profissionais de rádio sempre souberam que muitos de nós gravavamos porque eles eram a nossa grande fonte de informação musical.
Há muito tinha terminado a década de ouro do rock progressivo. Mesmo há muito tempo, contudo era essa a música que me fazia estar à espera de dois ou três programas nessas mesmas rádios piratas que me trouxessem ao conhecimento bandas e sons que desconhecia.
O álbum de que falo e que terminei há minutos de ouvir é uma obra singular e para os puristas do progressivo pode ser algo simplista ou não ser sequer uma obra de grande significado. Porém para mim tem todo o significado que pode ter uma surpresa do tamanho de um mundo desconhecido. Um CD comprado às cegas mas com uma luz que me fez voltar em definitivo para o mundo da música progressiva em todas as suas vertentes e géneros. Falo dos "Camel" o do maravilhoso "The snow goose", uma peça instrumental que me fascinou desde a primeira vez que rodou no leitor de CD's.
Pode não ser a minha banda favorita de todos os tempos, nem sei se isso existe. Mas este álbum é, sem sombra de dúvidas um marco importante na minha vida e nas minhas escolhas musicais.
Era bom que estes senhores pudessem ser mais ouvidos nos dias de hoje, mas já me contento com o facto de a música progressiva estar em franco reaparecimento fruto de fenómenos como a internet. Um bem haja a todos quantos em Portugal fazem manter e crescer este género musical e em especial à PP-AC (Portugal Progressivo - Associação Cultural) que tem feito um esforço incrível para a divulgação desta cultura.

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