sábado, 3 de novembro de 2007

Uma abertura suave...

Não tendo por hábito e muito menos por gosto deslocar-me a grandes superfícies comerciais, ditou uma necessidade específica que o fizesse num destes dias. Necessidade essa que me levou a encontrar uma realidade para a qual ainda não havia prestado qualquer atenção até aquele dia.

A primeira loja a ser visitada foi uma das lojas Staples. Enquanto estava na terefa árdua de aguentar aqueles pesados minutos observando e procurado os produtos dos quais necessitava e outros que me iam despertando interesse deparei-me com uma observação muito mais interesante. Todos os clientes ou não clientes mas que já alguma vez se tenham deslocado a uma das lojas deste grupo conecem e lembrar-se-ão da indumentária dos funcionários. Não, a questão não está na crítica de moda. Não é esse o tema interessante, mas sim o que está dentro dessa indumentária. Na mesma loja deparei com uma situação que julgava ser quase impossível. Em duas secções diferentes estavam na posição de operadores de loja pessoas com idades claramente acima dos 45 anos. À hora a que ali estava, e permaneci na loja durante cerca de vinte minutos vi dois funcionários, operadores (não falo de posições de chefia) dentro desta faixa etária. A situação tornou-se algo estranha pois nunca me tinha visto numa posição de ter de felicitar uma empresa deste género pelo facto de não descriminar pela idade os seus funcionários. Já na saída desse mesma loja reparei num responsável de departamento, também ele dentro dessa mesma faixa etária. Nesse mesmo dia decici deslocar-me a várias superfícies e observar até que ponto a minha sensação de que vivemos num país que se limita a contratar crianças na idade e no discernimento.

Outra loja do mesmo grupo produziu exactamente os mesmo resultados. Mais tarde, dentro da mesma zona, desloquei-me a um Continente, a um Carrefour (agora também da Sonae) e a duas FNAC. Em todas estas lojas vi pelo menos uma pessoa dentro desta faixa etária como operador ou vendedor.

Podemos observar isto do ponto de vista negativo e dizer que hoje as pessoas são obrigadas a estas posições menores quando já deveriam ter uma posição bem mais confortável na vida. Mas por outro lado, e vendo como são tratados todos os candidatos a entrevistas de trabalho cujas idades superem os 35 anos, podemos partir de uma ideia de que estas superfícies estão a aprender que existe um partimónio insuperável de experiência que a predesposição para a fácil exploração dos mais jovens nunca pode compensar. Os resultados são diferentes porque as motivações também são. Daria certamente um excelente estudo. Contudo não me parece que haja quem se preocupe com tal assunto.

Pelo meu ponto de vista fiquei agradavelmente surpreendido com esta observação. Em várias áreas do grande retalho vi pessoas claramente experientes e capazes que me trouxeram a sensação de que estava perante empresas adultas e sérias e não perante estruturas meramente apoiadas em mão de obra precária e descartável. Talvez esteja a ser algo optimista. Talvez algo ingénuo. Contudo, a mera observação deste fenómeno que é a presença em vários cargos de base nas estruturas destes retalhistas de pessoas acima dos 45 anos de idade. Infelizmente não vemos isso em todas as áreas de actividade. Por exemplo nos bancos torna-se cada vez mais complicado encontrar elementos séniores. Virá daí o facto de cada vez ser pior o atendimento em bancos. Pode até ser mais simpático e mais polido mas é certamente de longe mais incompetente. Não por culpa dos jovens funcionários mas porque os colocam a dar a cara por problemas para os quais não tiveram formação nem apoio suficiente.

Veja-se o exemplo de uma das instituições que ainda há ums anos era considerada como um exemplo de confiança por parte dos clientes e hoje se tornou numa verdadeira desgraça. Os correios e nomeadamente algumas áreas entre as quais os balcões propriamente ditos e a empresa responsável pelas entregas de encomendas expresso.

De qualquer forma não é o momento para analisar isso a fundo. Aproveito este espaço para felicitar essas pessoas e sobretudo essas empresas que tiveram a coragem de colocar à frente das suas lojas homens e mulheres experientes e com idades acima das consideradas normais por esta canalhada de novos gestores de recursos homanos e gestores. A estas empresas e a outras que pratiquem a mesma política de contratação e não estejam aqui referidas tenho de felicitar.

De hoje em diante vou reparar neste importante pormenos e boicotar todas as empresas que promovam esta ou outras formas de descriminação.

Sem comentários: