domingo, 11 de maio de 2008

… e depois esquecer a carne do cavalo…

Desde a entrada na Comunidade Económica Europeia (hoje União Europeia) que Portugal tem vindo a ser pressionado para não produzir no sector da agricultura. Houve mesmo durante os anos de ouro dos fundos europeus uma fúria abstémica na produção agrícola provocada pelo estímulo à não produção.

A Europa passada ignorava uma Europa futura onde, estava claro que iria ser necessário por mãos à obra e voltar a concentrar esforços em produzir bens alimentares de primeira necessidade. Não estaria com toda a certeza o mundo ocidental a apostar num eterno atraso dos chamados países emergentes. O aumento do consumo era assim uma fatalidade sendo, como aliás sempre disseram à esquerda e à direita as várias tendências políticas em todos os países europeus que neles se opuseram à própria construção europeia ou ao seu formato escolhido.

Desta feita, e este comentário vem justamente nesse sentido, foi a vez de Paulo Portas a estranhar o facto de Portugal não apostar nas culturas primárias mais importantes e que representam os maiores aumentos de preços ao consumidor nos últimos meses, nomeadamente os cereais, a carne e o leite. Neste momento em que as candidaturas aos apoios para produção agrícola previstos no Programa de Desenvolvimento Rural estão abertas, estes produtos não foram, claramente, uma aposta do governo.

Esta dependência externa de produtos cuja necessidade é primária representa um risco acrescido para a economia portuguesa. Esperemos que os nossos governantes saibam encontrar alternativas viáveis para colmatar os resultados desta crise provocada pela especulação normal dos mercados capitalistas nestas circunstâncias.

O que é estranho é que seja Paulo Portas a alertar para uma situação tão crítica quanto esta quando participou muito activamente na criação do problema.

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