terça-feira, 8 de julho de 2008

O desperdício e a cultura do baixo valor do trabalho

Enquanto observava atentamente uma actividade levada a cabo e patrocinada por um operador de telecomunicações nacional junto de um dos seus agentes/revendedores pensava no valor absurdo desperdiçado naquela iniciativa em concreto, mas também de um modo geral em todos os eventos do mesmo género que se vão inventando para que, no final, o objectivo seja totalmente colocado à margem.

Penso que o objectivo central de qualquer empresa quer seja pública (desde que não em sectores estratégicos da economia) ou privada é a obtenção de um valor acrescido a todos os seus custos por forma a que possa reinvestir e distribuir. Como vivemos numa economia de mercado a mais-valia é o objectivo último da empresa para a qual tem de haver um motivo e fundamentalmente um espaço no mercado.

Para utilizar o exemplo que observei, o de um operador de telecomunicações moveis, parece-me claro e óbvio que juntar vendedores para não introduzir qualquer tipo de informação que represente novidade e para actividades lúdicas torna-se numa banalização da cultura do desperdício.

A minha perspectiva de gestão de recursos humanos numa empresa impediria que este tipo de iniciativas ocorressem em dias e horários de trabalho pois nada acrescentam ao conhecimento e à eficácia, mas principalmente à competência do profissional a realizar um serviço ou vender um produto. E os pretextos da coesão das equipas tornam-se absurdos porquanto esta tem de ser feita em ambiente de trabalho. Um indivíduo pode desenvolver um incrível espírito de equipa em actividades lúdicas e ser incapaz de trabalhar em equipa em ambiente de trabalho. O conhecimento que possa ou não haver entre as pessoas que realizam as mesmas funções ou que estão hierarquicamente acima ou abaixo não tem qualquer influência na qualidade do trabalho produzido embora reconheça que pode agilizar processos em casos de resolução de situações problemáticas envolvendo várias pessoas de vários níveis de responsabilidade.

Em conclusão, estes tipos de actividade que as empresas realizam para dar a ideia ilusória de que se preocupam com quem lida directamente com os seus produtos, são meros exercícios de desperdício que só cabem na loucura e no delírio de algumas teorias de gestão. Da gestão base da empresa e do seu sumo que é a gestão das pessoas. E temos de entender que as empresas são as pessoas. É evidente que as pessoas, infelizmente, compreendem aqui um esforço que, na realidade, não existe.

Estas verbas poderiam e deveriam ser utilizadas para esquemas de incentivos à produtividade aumentando o rendimento de quem lida com os produtos ou serviços em causa. Mas também outra coisa muito importante, poderiam e deveriam ser utilizados na melhoria qualitativa ou de preço do produto ou serviço ao cliente final.

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