quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sumo de fruta, sem fruta

O anti-comunismo está hoje mais presente em Portugal precisamente à esquerda do Partido Comunista. O bloco não se cansa de realçar os aspecto negativos dos países governados por partidos comunistas nomeadamente a China com a janela de oportunidade que os jogos olímpicos criaram. A China é um caso algo complexo e não cabe neste pequeno texto reflectir sobre ele. Cabe essencialmente tentar compreender como o radicalismo de esquerda serve com a maior das oportunidades de muleta ao que mais dizem combater. A ideologia bloquista é como uma gelatina tutti-fruti. Ou uma inocência pueril de quem pensa que o Socialismo pode nascer pela boa vontade e cavalheirismo do capital. Uma espécie de "deixa passar estes pirralhos que querem fazer uma revoluçãozinha daquelas pacíficas, sem sangue, com muito amor hetero-bi-trans, real ou virtual".

O radicalismo de linguagem e a superioridade moral encapotam a ausência de estrutura ideológica e a insensatez de pensarem que alguma vez seria possível no nosso actual sistema político um partido de esquerda ganhar eleições livres sem que isso provocasse um boicote e uma reacção imediatos por parte das classes dominantes. O Bloco de Esquerda só vive e convive no multipartidarismo como esquerda radical até à primeira oportunidade de servir de muleta em soluções de governação. Primeiro será amputado de votos pelo triste conceito do voto útil e depois será fuzilada a sua natureza radical com o delírio do poder.

A esquerda dos muitos "ismos" já vui isto antes muitas vezes e esta procura infantil de uma revolução na evolução social na crise capitalista é um conceito morto a não ser que o radicalismo seja tão falso como um sumo de fruta... sem a fruta.

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