quarta-feira, 17 de setembro de 2008

As falsificações da História e as mentiras do petróleo

Assistimos durante alguns meses a uma escalada do preço do petróleo. Foi justificado o aumento dos preços com o aumento da procura principalmente por parte dos países cujas economias são emergentes como a China ou a Índia numa explicação de uma simplicidade que pertence aos níveis básicos do entendimento de como funciona um mercado. No entanto esse mesmo mercado parece ter sofrido alguns fortes abalos que direccionaram aquele que é suposto ser um bem altamente escasso e em vias de atingir aquilo a que designam como “pico” para uma descida para níveis novamente abaixo dos 100 dólares.

Esse mesmo mercado ditou, pelas mesmas vias especulativas o rebentar de instituições insufladas com falsos valores e que viram a sua situação chegar aos limites insuportáveis de insolvência ou piedade nacionalizadora. O mesmo mercado que insuflou o valor do dinheiro a da suposição do cheiro do dinheiro é aquele que se vê brigado a deixar cair os frutos da sua mesma contradição ou então levá-la ao extremo da nacionalização dos prejuízos insanos do criados pela loucura gananciosa do capital privado.

De um modo muito resumido o estado Norte-americano está a assumir as custas da irresponsabilidade e da loucura especulativa do mercado de capitais lançando para os contribuintes a obrigação de financiar pelos seus impostos as falências dos bancos privados. É de tal forma insustentável que já não foi possível tomar uma atitude proteccionista para a Lehman Brothers como fora antes tomada para outras instituições de muito maior porte.

As medidas de protecção nunca visaram as principais vítimas deste processo. Os tomadores de empréstimos sobre-valorizados ou sobre-avaliados não viram quaisquer medidas que lhes permitisse sair da situação de insolvência pessoal ou familiar. Por outro lado os bens imóveis têm um valor ridiculamente mais baixo e mesmo assim sendo não são vendidos. Existe um excesso de oferta e o valor dos imóveis não chega para cobrir o valor das hipotecas. Parece que podemos encontrar algum paralelo na atitude de facilitismo dos bancos portugueses na concessão de créditos à habitação com avaliações por cima e com concessão de créditos sobre créditos para outros bens associados. No mercado português as casas usadas também têm vindo a desvalorizar. Será um sinal a ter em conta na economia nacional?

Mesmo quando a mentira sobre a questão petrolífera - que assim mesmo ainda não pressionou os governantes do mundo a investirem em fontes alternativas e renováveis de energia nomeadamente para o sector dos transportes – parece ter sido mais uma vez atirada para o campo das explicações racionais no campo da ciência económica assistimos a uma necessidade crónica de que o preço deste tão cobiçado produto desça nos mercados internacionais. Necessidade evidente puxada a ferros aos principais interventores nas movimentações especulativas no mercado petrolífero. Interventores esses que são precisamente os mesmos que vão caindo que nem baralhos de cartas por causa de outras manobras arriscadas neste mercado global. A descida do preço do crude está presente como mais uma cena de mais um capítulo para a manobra de manutenção no poder dos Republicanos nos EUA.

A manobra consiste em manter a sensação de algum controlo económico num factor que é fundamental para os americanos, tão fundamental que é o motivo para terem encenado a falsificação sistemática do 11 de Setembro, a intervenção no Afeganistão, a perseguição à sua protegida e financiada Al Qaeda, a intervenção no Iraque, as intervenções em background na Bolívia e na Venezuela para desestabilização ou mesmo separatismo, a encenação das manobras na Ossétia do Sul contra a Rússia pelo controlo dos pipelines existentes e programados.

É pertinente que se questione toda esta questão em torno do petróleo porquanto não cessa (antes pelo contrário) a pesquisa por novos pontos de extracção. O Brasil, por exemplo, já se tornou auto-suficiente e mesmo exportador. Por outro lado, depois deste abanão o consumo reduziu mesmo contando com a procura dos mercados emergentes, o que demonstra que, com uma racionalização e uma aposta na investigação de alternativas viáveis o “pico petrolífero” não resulta num problema de maior. As alternativas ensaiadas revelaram-se desastrosas e mesmo obscenas se tivermos em conta as soluções dos agro combustíveis.

As contradições do mercado tornam-se cada vez mais ridículas. Enquanto o estado americano financia a EXXON em Portugal e Galp é presenteada com perdões fiscais através de manobras contabilísticas que transformam o que pretendia ser uma taxa sobre mais-valias num benefício em altura de descida do preço da matéria-prima. O preço do crude tem vindo a descer contudo os preços do produto refinado nos revendedores de combustíveis não tem sentido essa mesma descida e as entidades reguladoras olham para o lado.

Se a História se repetir teremos daqui a dois anos McCain como presidente dos EUA. O Irão terá sido já “intervencionado” que é como quem diz invadido. A Venezuela terá um novo presidente. Hugo Chávez irá morrer com uma bala perdida ou com um golpe de estado. Morales na Bolívia retirar-se-á da política ou será também ele abatido. A Geórgia fará parte da NATO e a Rússia terá de novo a sua força militar direccionada para a próxima Europa cliente e adversária no tabuleiro de uma política incompreensível. O petróleo poderá subir de novo para valores bem mais elevados desta vez. A EU terá a sua constituição aprovada.

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