sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Ainda a propósito de Karadzic

É evidente que não é de estranhar mas não deixa de ser algo confuso para alguém que não conhece a fundo como funcionam estas coisas do direito.

Sempre pensei que houvesse muito de comum entre a nossa concepção da justiça e a concepção que se vai adoptando um pouco por essa Europa.

Talvez por isso fique a pensar no que ouvi repetidamente da boca de alguns jornalistas que chamam a Karadzic "criminoso de guerra". Se bem entendo um criminoso é alguém a quem foi atribuido um crime, cuja presunção de inocência terminou com uma decisão transitada em julgado por um tribunal competente.

A minha confusão deriva sobretudo do facto de não entender como podem os jornalistas substituir os juízes na condenação ou na inocentação seja de quem for muito mais quando se trata de um processo histórico onde de todos os lados existiram crimes de guerra. Aqui a questão está meramente no julgamento político. Estarão os jornalistas a fazer um julgamento moral e não de direito? Se estão quem lhes dá a eles o direito sobre a moral?

Não esquecer que no passado dia 6 de Agosto se cumpriram 63 anos sobre Hiroshima que matou 110 000 pessoas e mutilou ao longo dos anos muitos outros milhares. Certo é que a História não julga os vencedores, não são estes muitas vezes os portadores da moral mesmo que tentem ser os do direito. Só que mais uma vez este é por linhas tortas.

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