segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Morreu Alexander Solzhenitsyn

Apenas em 1962 viu este autor premiado com um prémio Nobel (1970) publicado no seu país natal uma obra sua, “um dia na vida de Ivan Denisovich”. Vítima que foi das purgas Stalinistas e do terror dos Gulag (as chamadas “Prisões especiais”) para onde eram remetidos os prisioneiros políticos.

Foi condenado por injúrias a Stalin apanhadas em cartas escritas a um amigo. A URSS de então estava feita à imagem do seu líder. Embora conservando alguns traços positivos que não podem ser esquecidos e muito menos negados, a verdade é que o legado de Stalin é de extrema crueldade e de uma concentração na sua própria figura da responsabilidade de um legado histórico que teria de vir a ser lentamente desmascarado no futuro. Ainda hoje permanecem muitas discussões sobre os aspectos positivos e negativos do regime stalinista.


Solzhenitsyn, foi remetido a um silêncio forçado, o mesmo silêncio a que foram condenados muitos homens e mulheres. Stalin foi o responsável directo pela morte de mais comunistas em toda a história tendo sido o principal responsável também pelo enorme desvio teórico e prático da construção do socialismo. Mas essa é uma análise que não cabe nestas linhas. Cabe antes o respeito pelas vítimas inocentes de um regime que pretendeu medir forças com os mais negros e sombrios momentos da história mundial e que pariu figuras à sua imagem e semelhança um pouco por todo o mundo como Ceausescu. Contudo, há que salientar que Solzhenitsyn não foi apenas uma mera vítima inocente. Ele foi mesmo simpatizante de outros regimes ditatoriais como o de Franco ou Pinochet, o que revela uma contradição profunda entre a sua análise do regime soviético e a sua simpatia por regimes de teor fascista. Daí que seja de fácil compreensão o exílio a que foi forçado em 1974.


Regressando à Rússia na era de Yeltsin não escondeu a sua simpatia pela personalidade e pela política de Putin. Para a História ficam os acontecimentos. As análises estão ao alcance de cada pensamento de cada um de nós.

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