sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Profissões em saldos

Não é novidade nenhuma que as relações de trabalho se estão a tornar cada vez mais precárias. O recurso a estratégias como o contrato informal através de relação efectiva e continuada no tempo a recibos verdes é disso um exemplo crescente. Mas a maior das bizarrias nesta área prende-se justamente com os seus profissionais.

Seria suposto, que os profissionais ligados aos recursos humanos fossem acima de tudo pessoas capazes de encontrar as soluções certas para as necessidades apresentadas, mas hoje o que lhes é pedido é cada vez mais contraditório com as suas funções e com o que aprendem nos seus cursos.

E a dificuldade principal dá-se logo ao inicio com a sua própria integração no mercado de trabalho. Os profissionais de recursos humanos recém-licenciados ou recém-chegados ao mercado são bombardeados com propostas de estágios não remunerados que, na prática, apenas representam aquilo que lhes vai ser pedido durante a sua carreira como profissionais nesta área, que consigam o melhor trabalho pelo menor custo possível. Neste caso e em cada vez mais casos em outras áreas trata-se pura e simplesmente de trabalho gratuito. E o trabalho gratuito nestes sectores sensíveis representa uma desvalorização sistemática e uma descredibilização dos profissionais em questão. Qualquer bom profissional de recursos humanos só pode considerar uma humilhação desmedida estes anúncios constantes de empresas sem escrúpulos que procuram este tipo específico de mão de obra. Um bom profissional, que está seguro de que sabe e de que tem valor não pode nunca aceitar este tipo de desvalorização da sua profissão a não ser que esteja já convicto de que o seu trabalho futuro não vai passar de conseguir para os outros o mesmo que conseguiu para si mesmo. Um bom negócio para o patrão e um péssimo negócio para o profissional.

Num mercado em que as empresas de recursos humanos têm vindo a crescer e a ocupar uma importante fatia na colocação nomeadamente de trabalhadores temporários é caso para reflectirmos sobre a importância dos profissionais de recursos humanos aos quais se juntam pela negativa outros profissionais ligados às áreas dos serviços sociais dos quais sempre se espera o trabalho voluntário e a dedicação plena.

Profissionais sem auto-estima fazem empresas desumanas e ineficazes. A exagerada rotatividade de quadros geram a despersonalização e a desumanização das empresas e transforma cada funcionário numa bomba humana potencial. E a génese de tudo isto pode muito bem estar nas cedências demasiadas por parte de quem tem a responsabilidade de escolher as pessoas certas para os lugares certos.

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